17 outubro 19
Criança

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Ponto por Ponto com Little Darlings, a olhar para França

A Ponto por Ponto está a trabalhar a todo vapor numa encomenda grande para a marca britânica Little Darlings e fixou como objetivo pôr um pé no mercado francês, no quadro da estratégia de aumentar o peso das exportações nas suas vendas traçado por esta empresa portuense especializada em roupa de cerimónia para criança.

“O mercado nacional está mais que maduro. Não tem por onde esticar”, afirma Sílvia Marques, uma engenheira eletrotécnica que há cerca de 20 anos trocou uma carreira autónoma para trabalhar com os pais e as suas três irmãs na Ponto por Ponto.

Foi há uma dúzia de anos que a Ponto por Ponto percebeu que não podia continuar a depender do mercado interno e, se queria sobreviver, tinha de apostar na exportação.

Os resultados desta aposta já são visíveis. Espanha foi um mercado natural para o início da internacionalização, tem agentes em Itália e no Reino Unido e a exportação já tem um peso próximo dos 20% no meio milhão de vendas que fazem anualmente.

“Agora o nosso objetivo é abordar a França, com o foco em dois nichos bem definidos – o nosso mercado da saudade e os emigrantes da África francófona, dois segmentos bem específicos que apreciam o nosso tipo de produto”, explica Sílvia.

A Ponto por Ponto especializou-se na produção de roupa de cerimónia – para batizados, casamentos, comunhões, acompanhantes de casamento e outras ocasiões solenes –   para crianças, dos três meses aos 14 anos, que comercializa com marca própria, mas também trabalha em regime de private label.

Cerca de 150 pontos de venda (dos quais 50 no estrangeiro) oferecem as roupas de cerimónia, de gosto eminentemente clássico, da Ponto por Ponto, uma marca que não faz qualquer concessão às modas passageiras.

“As nossas roupas são clássicas, nada de flores e coisas assim. É tudo em cores muito claras, como o branco, portal e rosa. O mais longe que vamos é no azul para os rapazinhos”, esclarece Sílvia, uma gestora preocupada com a escassez de costureiras que se faz sentir no mercado.

“Nós temos a melhor produção da Europa. Mas lá se vai esta vantagem se não houver renovação, se a profissão de costureira continuar em vias de extinção”, avisa Silvia, que após acabar o curso, em Tomar, trabalhou na Tupperware, em Abrantes, antes de, no verão de 1998, se resignar ao destino ir trabalhar com a família.

Na origem da Ponto por Ponto está Álvaro Ribeiro Marques (atualmente com 77 anos) , um alfaiate que trabalhava por conta própria numa pequena oficina, na rua do Paraíso, Porto, com a ajuda da mulher, Maria de Lourdes, três anos mais nova, que começou  a alargar a roupa de bebé a oferta desta micro-empresa.

Os ventos sopraram de feição até que o ramerrame da Álvaro Ribeiro Marques Lda foi sacudido pela falência dos armazéns Eles (na portuense Rodrigues Sampaio), que lhe ficavam com cerca de 95% da produção.

Maria de Lourdes e Álvaro, que tinham dez costureiras e quatro raparigas a cargo, viram que era preciso tocar a rebate. Reunirem as quatro filhas e disseram que tinha chegado a altura de elas se empenharem no esforço para dar a volta ao assunto.

Foi a partir deste apelo “all hands on deck” que nasceu a Ponto por Ponto, com a chegada ao negócio das quatro irmãs Marques –  Sara (a mais velha), ocupa-se do armazém (agora na rua João das Regras), Rute dos desenhos e da produção, Sílvia (a mais renitente) da parte comercial, enquanto Marta (a mais nova) trata da contabilidade e de toda a parte administrativa.

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