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Vão cada vez mais longe os tempos em que os países emergentes (eufemismo para registar a pobreza endémica de algumas geografias) eram apenas um lugar para onde as empresas dos países das economias maduras (eufemismo para designar o ocidente) deslocalizavam produção à procura de saldos no que tinha a ver com os recursos humanos.
A Garments Design, empresa com sede em A Coruña, Espanha, criada em novembro do ano passado, projeta e produz para gigantes do retalho têxtil e da moda e acaba de contratar uma das figuras consideradas mais emblemáticas do setor no país: Ramón Gago.
Sucede que a empresa tem como único administrador Shrahrier Ahmed, proprietário da Islam Group of Industries, um grupo criado no Bangladesh há três décadas, que exporta 90% da produção para a Europa e fatura mais de 150 milhões de euros.
Ramón Gago desenvolveu a maior parte de sua carreira na Inditex, para onde entrou em 1989 como gerente de loja, para depois se tornar gestor da operação do grupo galego em Espanha e Portugal. Esteve depois na Lefties, onde trabalhou até fevereiro de 2013, quando se mudou para a cadeia de lojas brasileira Riachuelo.
Pouco tempo depois, regressou a Espanha para a assumir o controlo das cadeias da Cortefiel e da Pedro del Hierro, projeto que acabaria por abandonar em 2016 para, pouco tempo depois, se envolver no plano do empresário bengali na Galiza. Ramón Gago há já vários meses que está envolvido no projeto, nomeadamente fazendo a ponte entre os gigantes europeus do retalho têxtil e o grupo industrial instalado no Bangladesh, que tem fábricas na China e no Egito.
Inditex e C&A são apenas dois dos principais clientes do grupo do Bangladesh, que assume ter na sustentabilidade e na procura de materiais ecológicos (algodões orgânicos e fios derivados de reciclagem de têxteis) uma das suas vocações.