24 Abril 20
Confecção

António Moreira Gonçalves

Paula Borges inova e cria máscara com filtro de café

Produzida em 100% em algodão orgânico e totalmente livre de reagentes químicos, a máscara criada pela têxtil Paula Borges incorpora também um filtro de ar, que é substituível para que seja reutilizável de uma forma acessível a todos. A solução é um filtro de café, que é colocado  num bolso interno e deve ser substituído todos os dias. A ideia tem sido testada pela empresa com sucesso e está neste momento em processo de certificação pelo CITEVE.

“Inventamos um sistema de filtragem de ar que consiste literalmente num filtro de café, porque é algo acessível a todos, muito barato, e que contribui para a protecção das pessoas”, explica Paulo Faria, director comercial da Paula Borges. A máscara está pensada para um círculo mínimo de 50 utilizações, em que deve ser lavada diariamente e o filtro substituído. “Fizemos as contas e cada filtro custa cerca de 1,5 a 2 cêntimos, será esse o custo da substituição”, acrescenta o responsável pela empresa.

A ideia foi desenvolvida ao longo das últimas semanas, tem sido experimentada pela equipa da Paula Borges e na última terça-feira foi enviada para o CITEVE para certificação. No mercado, será um produto distinto: “já vimos algumas com um sistema semelhante mas com lenços de papel. Com filtros de café penso que será único”, afirma Paulo Faria.

Depois da certificação, o objetivo da Paula Borges é arrancar com a produção massificada. A empresa prevê conseguir produzir entre 20 a 30 mil máscaras por semana, estando já a apresentar a novidade aos seus principais clientes. “Neste momento, as que temos produzido são com a marca própria, mas quando for certificada, podemos fazer em “private label” para os nossos clientes”, explica o diretor comercial, afastando apenas a hipótese de colocar estampados ou mudar as matérias-primas, de forma a manter o produto livre de químicos.

Apesar do projecto estar ainda em desenvolvimento, têm sido já vários os pedidos a chegar à empresa. Não só de máscaras, mas também para a confecção de outros equipamentos de protecção como fardas e batas hospitalares. “Para a Paula Borges é uma guerra nova, estamos a avaliar as hipóteses”, salienta Paulo Faria.

Apesar de todos os constrangimentos atuais, a empresa tem conseguido manter o núcleo da sua actividade. Focada na produção de moda para grandes marcas internacionais, como a Balenciaga, Max Mara ou Hermès, a quebra na produção tem-se segurado na ordem dos 20%. “Felizmente, os nossos clientes estão a vender bem online”, congratula-se Paulo Faria.

A empresa, que conta um pólo industrial na Maia e outro em Baião tem mantido praticamente toda a equipa a trabalhar – dos 92 colaboradores, apenas 22 estão em casa, por baixa médica ou para acompanhamento dos filhos, sendo que está afastado qualquer cenário de lay-off ou despedimentos.

Partilhar