13 abril 18
Exportação

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O Quarteto de Buenos Aires está a aproveitar efeito Macri

“A Argentina está a normalizar-se. A abrir-se ao mundo. Este é o momento certo para voltarem a apostar neste mercado”, afirmou João Ribeiro de Almeida, o nosso embaixador em Buenos Aires (na foto, à esquerda), durante a visita que fez, ao inicio da tarde de ontem, aos expositores portugueses presentes na Emitex, que está a decorrer no Centro Costa Salguero, na capital argentina.

Três empresas com stand próprio – Ribera, Lemar e Lipaco – e o fórum do CITEVE, que trouxe a Buenos Aires o best of do último iTechstyle, constituem o quarteto português que está na Emitex com o apoio da Selectiva Moda.

Após três anos consecutivos (2010, 2011 e 2012) em que a ITV esteve representada nesta feira, aconteceu um interregno, que coincidiu com o período em que a Argentina esteve fechada ao mundo, devido às enormes barreiras levantadas às importações durante a fase final do consulado dos Kirchner.

“A nossa participação na edição 2013 da Emitex foi um grande sucesso, mas apenas à primeira vista. Os muitos e bons negócios que ficaram apalavrados na feira não se concretizaram porque os clientes argentinos acabaram por não conseguir licença para importarem os nosso produtos”, recorda Manuel Serrão, o diretor executivo da Selectiva Moda que acompanhou as anteriores presenças da ITV portuguesa nesta feira no hemisfério sul, organizada pela Messe Frankfurt.

Mal começou a detetar o regresso dos compradores argentinos às grandes feiras internacionais (PV Paris, Milano Unica ou a Munich Fabric Start), a Selectiva Moda decidiu que era a hora de voltar a apostar em Buenos Aires, fazendo surf em cima do efeito Macri de abertura do país ao comércio internacional.

“O presidente Macri está a reduzir as taxas alfandegárias e quotas às importações, a pedir investimento estrangeiro e interessado em compartilhar conhecimento e tecnologia com setores evoluídos, como a nossa indústria têxtil e vestuário”, garante o embaixador de Portugal em Buenos Aires.

Na Argentina desde o início do ano, João Ribeiro de Almeida é um profundo conhecedor da nossa ITV, já que no seu último posto, na Colômbia, acompanhou de perto a presença regular e bem sucedida de largas dezenas de empresas têxteis portuguesas na ColombiaModa e ColombiaTex.

“A Argentina é uma aposta com futuro. Após um período com algumas vicissitudes, estão criadas as condições para a nossa têxtil voltar a olhar para este mercado”, diz o embaixador, dando como exemplo os recentes investimentos feitos em Mendonza – a região vinícola por excelência – por empresas portuguesas de produtoras de rolhas de cortiça, como a Corticeira Amorim ou a Cork Supply.

O otimismo dos expositores é mais moderado do que o do embaixador, devido ao facto de  ainda existirem barreiras às importações, como contigentes de quotas e taxas elevadas (na ordem dos 20%). Mas Rui Lourenço Pereira, o diretor local do AICEP, garante que a tendência é para o desarmamento alfandegário – e isso já foi notório no caso das rolhas de cortiça portuguesas.

Tecidos e acessórios (como passamanarias, fios e etiquetas) são os produtos portugueses mais apetecíveis para a indústria de vestuário argentina, no que pode ser mais uma porta de entrada para o Mercosul – e em particular para contornar o excessivo proteccionismo do gigantesco mercado brasileiro.

“A Emitex está a ser uma agradável surpresa. Nota-se uma procura muito grande de fios de poliester”, conta um porta voz da Lipaco, que no primeiro dia da feira fez seis contactos e crê ter conseguido arranjar um distribuidor. 

Com uma posição forte na América do Sul onde, usando a Colômbia como base, já vende para Peru, Costa Rica, Equador e Panamá, a Ribera estreia-se na Emitex com o objetivo de alargar não só à Argentina mas também ao Uruguai e Chile a sua presença neste continente.

“A aposta estratégica na América do Sul tem a ver com o facto de usarem muitas rendas e crochets”, explica Francisco Teles de Menezes, CEO da Ribera, que fechou 2017 com um volume de negócios de um milhão de euros, dos quais 95% correspondem a exportações, diretas ou indiretas.

(na foto, da esquerda para a direita: João Ribeiro de Almeida, embaixador de Portugal na Argentina, Braz Costa, diretor geral do CITEVE, Rui Lourenço Pereira, o diretor local do AICEP e Francisco Teles Menezes da Ribera)

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