31 janeiro 19
Coleção #29

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Nuno Baltazar revisita os dias de aço do Brasil

A mais recente coleção de Nuno Baltazar (#29) pretende evocar a força da palavra, da poesia e da música brasileira durante a ditadura militar brasileira (1964/85). Contra a força da censura, da opressão e mesmo do exílio, aqueles que são ainda hoje as grandes referências da música popular brasileira assumem o protagonismo na luta pela liberdade.

Como na poesia brasileira da época, de uma forma por vezes velada, a coleção assume detalhes que descrevem uma narrativa que nos parece tão longínqua quanto atual. Por isso é uma proposta povoada de contradições inesperadas no universo de Nuno Baltazar, mas que se assume como uma estação provocatória em que convocamos todos para uma tomada de consciência e reação, partindo de uma personalidade visual distinta e assumida.

Contrastes entre os opostos são uma constante da coleção, momentos de luminosidade e sombra. Feminino e masculino, compacto e translúcido, pesado e etéreo, over-sized e anatómico, fantasia e austeridade.

Tonalidades militares coexistem com cores vibrantes e reacionárias, toques secos de workwear em telas de algodão com estruturas compactas abrem espaço a crepes luminosos, etéreos e com brilho. Com especial destaque para sedas com lurex.

A volumetria de mangas e sobreposições destacam-se por oposição a efeitos twist na cintura. Algodão, seda e lurex coexistem num espírito de afirmação de multiplicidades de coordenação. Estampados sublimados evocam os momentos mais sombrios da época com uma atualidade inesperada.

Nos acessórios especiais destaque para a colaboração com a Perlato para o calçado de senhora, onde também se sente a dinâmica da inspiração em diferentes alturas e peles metálicas com acabamento broken que remetem para as protagonistas femininas como Elis Regina ou Gal Costa.

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