14 Janeiro 18
Formação

Cláudia Azevedo Lopes

Novo diretor quer MODATEX mais auto-suficiente e inclusivo

José Manuel Castro é o novo  diretor executivo do MODATEX e assume funções com o objetivo de  tornar o centro de formação mais inclusivo e auto-suficiente. O novo diretor, que até agora desempenhava funções como presidente do Conselho de Administração, propõe-se também introduzir de uma nova metodologia de ensino e adaptar a oferta formativa à nova realidade da ITV portuguesa.

“Trabalhamos diretamente com os Centros de Emprego na integração profissional de pessoas desempregadas. No entanto, os processos de escolha vocacional confrontam-se muitas vezes com regulamentos de elegibilidade, como o número mínimo de formandos, que atrasam ou impossibilitam as formações. Será essencial poder começar turmas com um número de formandos menor do que o exigível e permitir a integração de novos formandos ao longo do curso”,afirmou José Manuel Castro (na foto) ao T.

Um novo modelo de atuação que, além de mais ágil, permite também a introdução de uma nova metodologia de ensino. “À medida que fossem sendo integrados, os novos alunos contariam não só com a supervisão dos formadores mas também com o apoio dos formandos mais adiantados na formação – numa lógica de peer learning. Nada que não seja já feito noutras latitudes e que fomentaria o acesso em contínuo às nossas formações”, adianta.

A ideia é que o MODATEX se torne mais pelativo também para aqueles que, não estando desempregados, desejam integrar as formações do centro mas que não querem estar dependentes das balizas temporais impostas.

Este fator poderá no futuro tornar-se vital para a auto-suficiência do centro, que, segundo o novo diretor, está mais do que preparado para abarcar “projetos de formação individuais ou mesmo por iniciativa das empresas, numa lógica de rotação/emprego, na qual o trabalhador sai por uns tempos para aumentar os seus níveis de qualificação e o seu lugar é preenchido, nesse período, por um trabalhador desempregado”.

“Será absolutamente necessário que as empresas percebam que têm à disposição um centro de formação profissional de referência, capacitado para satisfazer a maioria das suas necessidades. Podemos também imaginar ações de formação para formandos de outros países, inclusive dos PALOP. Todas estas medidas serão essenciais no sentido de gerar receita própria”, destaca José Manuel Castro.

Uma mudança de paradigma que vai de encontro a outro dos grandes objetivos nova direção: adaptar a oferta formativa à nova realidade da ITV portuguesa.

“Tenho consciência das exigências que o futuro colocará ao sector do Têxtil e Vestuário e tentaremos organizar os nossos processos de formação para responder a essas exigências. Abordar os novos processos produtivos, os novos materiais e a nova organização do trabalho nas empresas, que passará pelo rejuvenescimento da mão-de-obra e pela elevação dos níveis de qualificação e competências dos trabalhadores, são alguns dos nossos objetivos”, revelou o diretor executivo.

“Um enorme desafio será a atração de jovens para o sector, contexto em que será necessário uma espécie de “desígnio nacional”, que credite a formação profissional realizada fora do sistema formal de ensino. A indústria tem hoje um conjunto de atrativos que não são comunicados eficazmente: garantem emprego (com direitos e estabilidade), permitem a evolução profissional, utilizam meios tecnológicos muito sofisticados e tem bons níveis de remuneração. Num tempo marcado pela precariedade, seria importante a evidenciação das vantagens das carreiras na indústria”, completa.

José Manuel Castro vem substituir no cargo Sónia Pinto, que tinha deixado o centro já em Maio do ano passado. Licenciado em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), a sua carreira desenvolveu-se sempre em torno da psicologia da formação profissional em contextos como a Escola Secundária Fontes Pereira de Melo (1983), o Centro de Formação Profissional do Sector Terciário/IEFP (1988), e a Associação Empresarial de Portugal, trabalho que combinava com o de docente convidado da FPCEUP – cargo que ainda ocupa, a tempo parcial.

Entre 1998 e 2010 ocupou funções de dirigente do IEFP, cargo que abandonou para ingressar a equipa do recém-nascido MODATEX , como presidente do Conselho de Administração, em representação do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), um dos órgãos que, conjuntamente com a ATP, a ANIVEC e a ANIL, criam o MODATEX .

 

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