04 Junho 20
Indústria

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Mafalda Pinto: “Tudo o que for local vai ganhar muita força”

A pensar no horizonte pós-covid, mas com a certeza de que algumas transformações vieram para ficar, a CEO da têxtil SCOOP, Mafalda Pinto, revelou à rede portuguesa Global Compact das Nações Unidas, algumas das estratégias da empresa para mitigar os efeitos da pandemia. Com um comité a analisar a situação semana a semana, a empresa de vestuário está mais focada na digitalização, nos serviços “low touch” e na economia circular. E acredita que este será o momento de afirmar Portugal como o produtor da Europa, numa lógica “buy local, sell local”.

“O momento é altamente positivo se for usado para planear e refletir na forma mais eficaz de reinventar a nossa aposta, criando propostas para o futuro baseadas no novo normal”, apela a CEO da têxtil de Famalicão, especializada na confecção de vestuário. Numa entrevista publicada pela rede portuguesa da plataforma Global Compact das Nações Unidas – da qual a Scoop faz parte – a empresária afirma que o grande desafio do momento é “perceber como serão os clientes do futuro, quais as suas exigências e restrições e o que os fará usar Portugal como parceiro preferencial”.

Na opinião de Mafalda Pinto, a indústria portuguesa deve afirmar as suas vantagens competitivas e preparar uma “estratégia concertada de ataque principalmente à Europa com todas as armas que Portugal tem para oferecer e alinhando com a política do buy local, sell local”. Uma estratégia que poderá ser reforçada pela mudança de comportamento dos consumidores, mais focados no online e com o trabalho remoto a tornar-se um hábito. “Tudo o que for local vai ganhar muita força”, adianta.

As principais armas portuguesas são a economia circular – “é sem dúvida um fator de resiliência e competitividade” – e uma cada vez maior aposta na digitalização, com as apresentações em 3D, o e-commerce e os serviços “low touch” (com um número reduzido de interações pelo toque) a afirmarem-se como alternativas. “Há situações que vieram para ficar por um longo período. Reuniões “virtuais”, restrições de viagem e requisitos rígidos de higiene, são algumas”, alerta a empresária. Para além disso acredita que os consumidores vão estar cada vez mais online, o que pode beneficiar a etiqueta made in Portugal

No caso da Scoop, Mafalda Pinto afirma que a empresa tem neste momento um comité que semanalmente se debruça sobre o presente e o futuro das cadeias de fornecimento. “A nossa organização optou por manter a produção a laborar, isto permitiu desde cedo começar a trabalhar numa estratégia que chamamos a Era Pós-Covid19”, explica. Apesar de também se terem adaptado à produção de máscaras, o objetivo da equipa da Scoop é regressar o mais rapidamente ao seu core business, restabelecendo as suas relações comerciais, mas com um reforço nas estratégias citadas: mais digitalização, sustentabilidade e proximidade.

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