29 Junho 2018
Moda

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Jovens criadores seduzem na Cinecittá

Daniela Pereira, Joana Braga, Mara Flora, Maria Meira e Nycole apresentaram na tarde desta quinta-feira as respectivas propostas Primavera/Verão 2019 na Semana de Moda de Roma. Foi no Cinecittá, histórico espaço do cinema italiano, qu os cinco designers deram a conhecer as suas criações, no âmbito do Fashion Hub do Altaroma, considerado uma das principais plataformas de internacionalização de designers de moda emergentes.

Daniela Pereira apresentou a colecção Pina inspirada nas peças da coreógrafa e dançarina Pina Bausch. “Nesta estação o meu
principal foco são os volumes e cores das peças que mais me marcaram na sua carreira. Orfeu e Eurídice, Café
Muller, Cravos e A Sagração da Primavera são as peças que mais influenciaram a coleção. Estas são representadas na minha coleção com volumes, cores e tecidos. Cores como preto, rosa, bege, bordeaux, verde são tons que estão bastante presentes nas peças acima referidas e ainda jogo entre volumes. Nos tecidos apresento a mesma ideia que a coreógrafa queria apresentar nas suas peças, uma contradição ao género, trazendo assim um conjunto de tecidos fluidos com tecidos mais rijos”, descreveu. Esta coleção é uma pequena amostra do que será apresentado em Outubro no Bloom do Portugal Fashion.

Já Joana Braga inspirou-se na linguagem e mood do filme de 1967, “La Collectionneuse” de Éric Rohmer. “Num modo geral de verão, peças oversized, relaxadas e fluídas, sobrepõe-se a peças em malha justas, inspiradas nos fatos de banho dos anos 60. O contraste – explorado graficamente – de sentir-se prazer ao adiar e passar à frente tarefas, acaba por se te tornar num arrependimento e sentimento de culpa. As peças de ombros caídos, silhuetas oversized e desleixadas, materializam a ideia do aborrecimento, dos dias longos de verão. O aborrecimento, que gera repetição, tanto de atos como de pensamentos, e a distração – todos os detalhes despertam interesse. A desconstrução das peças é resultado da distração e adiamento das tarefas e etapas, onde detalhes de clássicos estão descontextualizados ou divididos”, diz.

Foi também no Cinema que Mara Flora se inspirou. “Começou provavelmente com o filme The Pillow Book. No
meio de uma estranha dimensão intelectual e emocional, encontro-me em Hong Kong dos anos noventa, assimiliando
um universo cultural que me é servido por uma intensa e embriagante profusão visual. Se por um lado o passado ecoa
na caligrafia tradicional, o presente acende-se em neons capitalistas. A semiótica é convulsiva. Os paradoxos aliam-se.
Escassez e abundância. Feng Shui e caos. Ideias de beleza determinam vícios indulgências. Na realidade mundana
conhecemos os cenários antagónicos do Império do Meio e a sua aproximação cada vez mais intensa ao Ocidente”, descreve.

Maria Meira apresentou uma coleção minimalista, inspirada em obras de Shai Langen, um artista plástico que transforma
e modela o corpo humano de uma forma performativa e intuitiva, recorrendo a experiências e ao uso de materiais
diferentes, como a pasta de papel de parede e tinta acrílica. Fascinada pelas experiências deste artista, Maria aprofundou
mais a sua pesquisa e encontra a escultora e instaladora o seu foco principal o corpo humano como um meio semiótico. Para
Glendinning, a arte é a principal ferramenta para investigar temas psicológicos e filosóficos. Através de tais referências, a designer apresentou uma coleção inspirada no corpo humano e na vulnerabilidade deste. Usou tecidos transparentes que sugerem intimidade e expõem a pele, bem como cordões circulares que contrastam com a ideia de exposição e liberdade, uma vez que são uma espécie de amarras – representando a ideia de proteção quando alguém não está totalmente consciente de si, ou apresenta algum distúrbio.

O ponto de partida para o desenvolvimento da coleção de Tânia Nicole foram os anos 70, com inspiração em dois universos diferentes: os uniformes de equipas de baseball e a banda de rock psicadélico Led Zeppelin. A silhueta oversized é inspirada pelo universo do baseball. Sobreposições, riscas e camisas são as peças chave da coleção. A aparência dos Led Zepplin influenciaram a paleta de cores e os materiais da coleção.

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