24 Abril 19
Competitividade

T

Governo procura solução para corrigir preços da Tratave

O problema é bicudo para as empresas, mas o Governo mostra-se empenhado em quebrar os ângulos ao triângulo contratual que forma com a Tratave e a Águas do Norte e que tornou insuportáveis os preços do tratamento de águas. Ministro do Ambiente, empresas e Câmara de Guimarães estiveram reunidos no início da semana à procura de uma solução.

Além ministro Matos Fernandes, que convocou o novo secretário da Estado do Ambiente, João Ataíde, e presidente da Águas do Norte, José Luis Vale, o encontro contou com a presença dos administradores da Somelos, Paulo Melo – também presidente da ATP -, e da JF Almeida, Joaquim de Almeida, do representante da Lameirinho, Paulo Sarrico, e do vereador das actividade económicas da Câmara de Guimarães, Ricardo Costa, representando também empresas como Endutex, Polopique, Tabel ou Tintojal.

“Além de reconhecer que os preços estão muito altos – cerca de 35% acima do custo real -, o sr. Ministro disse que é preciso encontrar um entendimento com a Tratave e Águas do Norte de forma a que possam ultrapassar os condicionalismos do contrato de concessão que assinaram com o Governo. É isso que vai procurar fazer e ficamos de voltar a falar a ver se o acordo se concretiza”, explicou Ricardo Costa ao T. E promete estar vigilante: “Não vamos deixar passar muito tempo, dentro de duas a três semana voltamos à carga”, avisa.

Em Janeiro, recorde-se, a JF Almeida mostrou-se indignada com o aumento de 4,3% ao preço do tratamento de águas, em contraste com uma inflação de 1%, assim afectando gravemente a competitividade das empresas têxteis da região. “É inadmissível que o nosso esforço permanente de redução de custos, para nos mantermos competitivos, esteja a ser sabotado desta maneira”, disse Joaquim Almeida, fundador e CEO da têxtil lar, sobre um problema que afeta muitas empresas no Vale do Ave.

Na reunião desta segunda-feira no Ministério do Ambiente não só ficou claro que os preços cobrados pela Tratave, concessionária do Sistema de Despoluição do Vale do Ave (SIVDA), são exorbitantes como também que obtém assim resultados desproporcionados. “Com 60 trabalhadores e uma receita de 15 milhões, os lucros ultrapassam os 3 milhões”, desvenda Ricardo Costa.

A Tratave argumenta, no entanto, se limita a aplicar as tarifas que são fixadas pela Àguas do Norte, como explicou em nota remetida ao T na sequência das queixas da JF Almeida. “De acordo com o seu contrato, obriga-se a aplicar aos seus clientes o tarifário indicado pela sua concedente, a Águas do Norte. O tarifário  da Águas do Norte, é fixado em conformidade com o Decreto-Lei 195/2009 e aprovado pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos”, explicava a concessionária.

Ou seja, a Tratave diz-se obrigada a aplicar o tarifário fixado pela Águas do Norte, que por sua vez é calculado segundo as regras do acordo de concessão assinado com a entidade governamental. Um triângulo de ângulos rígidos, que o ministro se compromete agora a flexibilizar através de um acordo que envolva todas as partes.

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