26 outubro 20
Indústria

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Fábricas têxteis asiáticas enfrentam sérias dificuldades

A queda do consumo global de vestuário e a alteração do paradigma industrial e de produção da Europa e dos Estados Unidos – que estão a escolher a proximidade como elemento renovadamente importante da cadeia de valor – está a produzir uma verdadeira razia nas fábricas do setor têxtil instaladas na Ásia.

Vietname, Bangladesh, Laos, Tailândia e em parte a China, são a geografia da produção a custos reduzidos que enfrenta sérias dificuldades depois de as empresas ali instaladas terem registado descidas de produção que chegam em alguns casos aos 70%.

“O comércio têxtil caiu na primeira metade do ano. Em alguns casos, as exportações dos países asiáticos caíram até aos 70% em relação ao ano anterior, disse Christian Vieghelahn, economista da secção Ásia-Pacífico da Organização Mundial do Trabalho, para explicar que milhares de trabalhadores – a esmagadora maioria deles sem qualquer apoio financeiro imediato – estão a ser lançados no desemprego.

Dados da OIT apontam para o encerramento de milhares de fábricas no continente asiático e para a perda de rendimentos para milhões de trabalhadores. A organização indica que a situação já levou a uma crise na região mais acentuada que em 2008-09. “A escala deste declínio, a sua velocidade e a recuperação não serão totalmente visíveis até 2021 ou 2022”, lê-se no relatório, que lembra que as empresas têxteis empregam 65 milhões de pessoas na região, 75% do total de postos de trabalho dessa indústria em todo o mundo.

Vieghelahn explicou ainda que o encerramento de milhares de fábricas, temporariamente ou permanentemente, ao longo do ano, deve-se, em primeira linha, a três fatores: à queda da procura global por vestuário, a encerramentos forçados para controlar a expansão da pandemia e à falta de matérias-primas, devido a problemas no fornecimento.

Roupa e calçado que posteriormente inunda os mercados ocidentais são produzidos – em parte para grandes marcas como a sueca H&M e a espanhola Inditex – em 2.795 fábricas na China, 508 no Bangladesch, 151 no Vietname e 156 no Camboja, segundo dados da empresa dona da Zara.

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