17 Julho 2018
Moda

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Foto: SonderPeople

Ex-sem abrigo é capa da Vogue Portugal

A edição de Julho da revista Vogue Portugal tem como protagonista Vítor Leitão, de 62 anos, engenheiro de formação, que já foi sem-abrigo e agora trabalha como modelo. O engenheiro informático transformado em modelo, não tinha emprego e vivia nas ruas de Lisboa. Agora, foi notícia com a sua história nos principais jornais espanhóis, como o El País, o El Mundo ou o La Vanguardia, depois de aparecer na capa da Vogue Portugal deste mês.

Foi o primeiro caso, e até agora único, de alguém que era sem-abrigo e foi agenciado pela Sonder, de acordo com o Observador que conta a história de Vítor Leitão.

Desde 2007, depois de estar a dirigir o departamento de informática da universidade moderna, Vítor estava desempregado, uma situação que o levou a dormir na rua (a universidade fechou definitivamente em 2008, e em 2007 já começava a fechar). Tinha pouco mais de 50 anos quando perdeu o emprego na Moderna. Ainda tentou trabalhos em Espanha, África do Sul, Zimbabué, Angola e Moçambique. Contudo, depois de, neste último país, a empresa que o tinha contratado o ter de despedir por o governo moçambicano não pagar, teve de voltar a Portugal, como contou ao El País e ao El Mundo.

A volta não foi fácil. Além de não ter casa por ter deixado de pagar o arredamento do apartamento, o carro foi roubado. “Comecei a licenciar-me nas habilidades das ruas”, contou a vários jornais espanhóis. Dormia na estação do Oriente e, para encontrar dinheiro, ia de manhã às máquinas de bilhetes em busca das moedas perdidas. Além disso, se encontrava bilhetes não validados, vendia-os por metade do preço. Mas o dinheiro que conseguia era pouco. No melhor dos dias, fazia oito euros, descreve o Observador.

Um dia estava a ver canetas de tinta permanente: “Gosto muito delas”, contou aos jornais espanhóis. Era o verão de 2015, estava no centro comercial Colombo, em Lisboa e… “O Fred (da agência Sonder) viu-me e perguntou se alguma vez tinha pensado em ser modelo”. O anúncios passaram a ser mais uma fonte de rendimento. “Fez pelo menos três [campanhas publicitárias], e agora a Vogue”, conta Fred.

Mesmo assim, Vítor continua a precisar de procurar sítios onde possa “comer por 1,4 euros”. Já conseguiu arrendar um espaço próprio para viver e vai encontrando alguns trabalhos que pagam apenas 50 euros por semana, mas na sua área ainda nada. “Continuo a responder todos os dias a anúncios. Não serve para nada. Para uma pessoa de 62 anos com 35 de experiência, não há nada. A experiência é um inconveniente.”

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