29 maio 19
Indústria

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Etiópia hesita entre o modelo da China ou do Bangladesh

Depois de apostar na criação de centros empresariais dedicados especificamente à produção têxtil, a Etiópia está na encruzilhada: precisa de escolher o modelo de desenvolvimento que quer adotar e tem pela frente duas opções diametralmente opostas – a chinesa ou a do Bangladesh.

Os pressupostos de partida colocam o país na órbita do modelo do Bangladesh: com um salário médio mensal da ordem dos 26 dólares, é, neste particular, um dos mais competitivos do mundo. Mas o exemplo do Cambodja – que acaba de receber a notícia de que a União Europeia pode acabar com os benefício da sua produção industrial à entrada das suas fronteiras exatamente porque despreza a componente social dos seus recursos humanos (e a pegada ecológica) – implica que essa opção pode não ser a mais certa a médio e longo prazos.

Mas, para complicar as escolhas, a China – que em pouco tempo pode tornar-se o mais importante comprador e um dos mais importantes produtores da indústria têxtil mundial – anunciou que, se a UE efetivar as suas ameaças, compensará a produção cambodjana, o que recoloca racionalidade de negócio à opção pelos baixos custos.

A indústria mundial está à espera que o governo etíope escolha um dos dois modelos para decidir o que fazer, mas os analistas parecem apontar para a falência do modelo do Bangladesh: as preocupações sociais e ambientais estão a solidificar a sua importância no momento das opções de compra, nomeadamente no que tem a ver com os mercados maduros da Europa e dos Estados Unidos.

Ou seja, a médio prazo, a opção pelo modelo do Bangladesh pode revelar-se um tormento para a sustentabilidade dos vultuosos investimentos decidido pelo poder político. Recorde-se que o governo da Etiópia investiu recentemente cerca de 140 milhões de euros na criação de um parque industria em Adama – uma das regiões, juntamente com Aysha e Smerea, mais importantes do país para o setor têxtil.

A construção dos três parques industriais naquelas cidades começará na segunda quinzena de julho de 2019. O complexo localizado na cidade de Adama emprega 25 mil trabalhadores e gera um volume de exportações de mais de 33 milhões de euros.

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