03 julho 20
Efeméride

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Dia do Profissional têxtil: o futuro é digital e qualificado

Foi em 2018, no Fórum da Indústria Têxtil, que a ATP oficializou o dia 4 de julho como o ‘Dia do Profissional Têxtil’, com o objectivo de homenagear aqueles que todos os dias dão vida à indústria. “Estamos num momento desafiante: a indústria 4.0 e o desafio digital, que vai introduzir a robotização e a Inteligência Artificial são uma oportunidade para os trabalhadores da nossa indústria”, alerta o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, ao T Jornal.

Um desafio que não é apenas para os trabalhadores mas para toda a indústria: “a substituição do trabalho pesado e menos específico por máquinas vai colocar desafios que implicam novos conhecimentos e a libertação para tarefas dirigidas para a criatividade e a inovação”.

Mas não apenas: como enfatizou Mário Jorge Machado, “a experiência de cada função será o material que vai fazer as máquinas, através da internet das coisas, saberem o que têm a fazer” e essa experiência será o apetrecho fundamental da era da digitalização. A especialização, uma tendência que tem décadas, será por isso a base sem a qual não haverá digitalização que mereça o investimento – e, nesse quadro, a importância dos profissionais têxteis será imprescindível, explicou Mário Jorge Machado.

Criatividade, inovação e novas formas de produção vão, por outro lado, induzir a customização como a nova forma de trabalho para as indústrias têxteis e é nesse particular que o entrosamento entre os profissionais e as novas máquinas – possivelmente a maioria delas ainda nem existe – será o segredo do sucesso.

Mário Jorge Machado chamou ainda a atenção para que, em termos do espaço da União Europeia, ser esse o caminho escolhido para o desenvolvimento. Num momento em que a pandemia deu a entender que ‘atirar’ a posse da indústria para a Ásia não terá sido a melhor opção, a nova indústria têxtil e do vestuário europeia está perante o desfio digital e a Comissão Europeia já indicou que esse será o caminho, inclusivamente no que tem a ver com os apoios que, de agora em diante, vão ser colocados à disposição da indústria.

Num tempo em que o sector se debate com a falta de trabalhadores qualificados, a questão de saber como atrair hoje e manter na ITV jovens trabalhadores é uma questão central do debate. Há um ano, o presidente da Euratex, o italiano Alberto Paccanelli, vaticinava que “vai ter que contratar contratar mais de 600 mil trabalhadores até 2030”. Não só com as necessidades de substituição da mão de obra actual – 36% dos 1,7 milhões de trabalhadores da indústria têm mais de 50 anos – mas sobretudo como forma de responder à falta de trabalhadores qualificados.

É, por isso, preciso olhar sobretudo para as novas tecnologias e qualificações. “85% dos postos de trabalho que irão existir em 2030 ainda não foram inventados”, afirmava a diretora geral de competências na Direção-Geral da Comissão Europeia para o Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão, Manuela Geleng, de passagem por Portugal.

Neste momento são cerca de 138 mil os trabalhadores no setor têxtil e do vestuário em Portugal – 66% no vestuário e 34% na fabricação têxtil – na esmagadora maioria (86%) concentrados no Entre-Douro e Minho.

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