01 Outubro 18
Desfiles

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Criadores lusos brilham na Semana da Moda de Paris

As cores e os sons portuguesas brilharam nas passerelles da Semana da Moda de Paris, cujos desfiles de prolongam até esta terça-feira, dia 2 de Outubro. Com o impacto deixado pelos criadores portugueses, esta é já uma temporada de sucesso para a moda nacional.

No museu de arte contemporânea Palais de Tokyo, o desfile da dupla Marques’Almeida foi feito ao som de Dead Combo, Sam The Kid, no seu tributo a Carlos Paredes, Gisela João e Marisa. Mas a portugalidade não se ficou só pela música. A coleção é inspirada em Portugal, numa mistura entre as raízes portuguesas da dupla e a sua vivência de Londres, onde vivem desde 2010.

marques almeida fashion week paris colagem

 

Numa palete dominada pelos pretos, brancos, e pontuada por vermelhos, azuis e amarelos, houve também os bordados e o xadrez – tão típico dos pescadores lusos – e uns sapatos com o coração de viana impresso, elementos que remetem imediatamente para o universo português.

“Temos o xadrez de pescadores misturados com as riscas, temos as silhuetas de Viana, temos as saias folk, temos todas as franjas que vêm dos xailes, temos os ‘looks’ de saias pretas a arrastar no chão que para nós é a nossa versão de como o fadista se devia vestir hoje em dia”, descreveu Paulo Almeida.

Já Luís Buchinho, que desfilou na Université Paris Descartes, muda completamente as coordenadas e vai buscar inspiração ao Japão, às gravuras Gyotaku, um método utilizado pelos pescadores para reproduzirem aquilo que pescavam – os pescadores punham tinta num peixe, passavam papel de arroz e ficavam com a impressão quase fotográfica da sua pesca –, técnica usada pelo designer para criar os seus prints.

 

buchinho fashion week paris colagem

 

“Fiz esse tratamento ao nível têxtil em vários tecidos. Houve tecidos que foram manobrados por dobragens ou por plissados e depois sofreram um decalque de uma folha de ‘foil’ que lhes deu o efeito das texturas que podemos encontrar literalmente nos peixes”, contou.

Precisamente por isso, a coleção tem uma inspiração muito aquática, marinha, refletida tanto pelas cores – marcada pelo preto, branco e cinzento, de onde emergem os ocasionais vermelho, azuis ultramarino, bordeaux, o rosa e os prateados –, pelos materiais e pelas transformações no tecido, entre eles os plissados, as formas onduladas, as transparências e a sobreposição de camadas.

Diogo Miranda desfilou no mesmo local, com uma coleção inspirada nos ícones de moda eternizados pelo fotógrafo Irving Penn. Para isso, recorreu a tecidos estruturados, como as sedas, os crepes e os linhos, numa palete cromática de tons ‘nude’, como o rosa, o amarelo, o azul céu, em contraste com o roxo, o preto e o ‘bordeaux’.

diogo miranda fashion week paris colagem

 

As ‘mangas-morcego’ e os punhos afinados, as silhuetas longas, os comprimentos ‘midi’, os volumes e drapeados, os cortes assimétricos e as linhas elegantes a evocarem os anos 50 e 60 foram predominantes.

“Acaba por ser um bocado as ideias que eu via nas fotos do Irving Penn: as sombras, os drapeados, os volumes, os laços, os folhos. Os três vestidos que terminaram o desfile são super trabalhados a nível de plissados. Mesmo as vendas que as manequins levavam nos olhos foi pensado também. É muito para imprimir aquela ideia de super-diva”, afirmou Diogo Miranda à Lusa.

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