02 fevereiro 21
Comércio

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Comércio britânico: online está a ganhar terreno

A pandemia está a alterar as regras do comércio um pouco por todo o mundo, mas é no Reino Unido que as mudanças estão a fazer-se sentir de forma mais rápida, com novos operadores a surgirem no segmento online – não através do lançamento de novas marcas ou de marketplaces genéricos, mas com a aquisição das operações digitais de marcas que atingiram posições de destaque no comércio tradicional.

Esta alteração resulta na separação entre a tradicional operação comercial das redes de lojas e o segmento digital, observa o analista Vikram Alexei Kansara. Que dá vários exemplos: o grupo de fast fashion digital Boohoo comprou o site da tradicional marca Debenhams (fundada há 243 anos) mas não as suas 130 lojas físicas, por cerca de 70 milhões de euros; a Asos anunciou que está em negociações para comprar, por cerca de 30 milhões de euros, as operações digitais das marcas Topshop, Topman e Miss Selfridge ao Grupo Arcádia, que entrou em colapso em novembro, mas descarta a hipóte de ficar com as suas lojas físicas; as marcas Dorothy Perkins, Wallis e Burton, também do Grupo Arcádia, estão igualmente no radar da Boohoo, que ofereceu 30 milhões.

Para os operadores online como a Asos ou a Boohoo, cujas vendas dispararam durante a pandemia, “adquirir marcas de grande notoriedade e as bases de dados dos seus clientes sem terem o encargo das lojas físicas é uma forma de impulsionar o crescimento” com baixo risco e alavancado por um conjunto de clientes que já demonstrou estar interessado nas compras online.

O comércio adaptou-se muito rapidamente às alterações impostas pela pandemia – sendo certo que o comércio online já estava em franco crescimento antes do aparecimento da covid-19 – o que determinou que os operadores digitais estejam na linha da frente do desenvolvimento, refere Kansara.

Como parece evidente, quanto mais confinado estiver o mercado, mais o negócio online tenderá a estabelecer-se como prioritário em relação ao comércio tradicional. O analista admite que “o comércio de loja acabará por recuperar”, sendo de “prever um aumento pós-pandêmico nas vendas em lojas físicas”, mas “ainda assim, as vendas digitais vão manter-se significativamente mais altas do que os níveis pré-pandêmicos”.

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