21 Março 19
Inovação

António Moreira Gonçalves

CeNTI cria fio de pesca luminoso amigo do ambiente

É uma ideia brilhante, no sentido mais literal da palavra, e pode vir a significar um novo passo no combate à poluição nos oceanos. O CeNTI, em parceria com a empresa Cadilhe & Santos, criou um fio de pesca com luminescência que vai substituir a utilização de luzes descartáveis no mar. No futuro pode vir a servir de matéria-prima para têxteis técnicos e funcionais.

“FishFiberLight” é o nome deste fio inovador que foi totalmente desenvolvido em Portugal ao longo dos últimos dois anos. A iniciativa partiu da Cadilhe & Santos, empresa de Viana do Castelo especializada em redes de pesca, que encontrou nos laboratórios do CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes – os conhecimentos científicos necessários para tornar a ideia num produto real.

Dotado de pigmentos fosforescentes, este fio é capaz de emitir luz em qualquer ambiente, mesmo em águas profundas, sem utilizar qualquer fonte de energia. “Por ter propriedades fosforescentes, basta que o fio seja excitado pela radiação de uma luz UV para que se torne luminoso, sem qualquer tipo de alimentação energética”, explica Inês Matos, gestora do projecto por parte do CeNTI.

Por enquanto o produto ainda está a passar por uma última fase de testes, mas a previsão é que chegue ao mercado no segundo semestre deste ano. A inovação é especialmente direccionada para a pesca de palangre de superfície, uma técnica de pesca em alto mar em que os pescadores utilizam iscos com luzes para atrair peixes como o atum, espadarte, ou o peixe-espada. Neste mercado, o fio representará uma solução mais ecológica às alternativas atuais. “Os pescadores normalmente utilizam luzes Led ou Néon, que depois de utilizadas ficam no mar. Como neste caso o próprio fio é luminoso, não há lugar a resíduos e tudo é recolhido de volta ao barco”, explica a investigadora.

Mas para além da pesca, este fio pode vir a ter outras funcionalidades, nomeadamente na indústria têxtil. “Há a previsão de mais utilizações, neste momento não está fechada a hipótese de ser utilizado para a decoração, para a iluminação ou para têxteis funcionais”, explica Inês Matos salientando que a versão actual tem 2 a 3 milímetros de diâmetro, mas a tecnologia pode ser optimizada para fios ainda mais finos.

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