29 novembro 17
XIX Forum Têxtil

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Carlos Costa: o nosso problema não é o financiamento

O problema central da economia portuguesa não é o financiamento mas a errada afetação de recursos e os baixos níveis de poupança – garantiu o governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, na intervenção de abertura do painel Financiamento do XIX Forum Têxtil, promovido pela ATP e que decorreu ontem à tarde no Auditório do CITEVE, em Famalicão.

O governador do BdP chamou a atenção para o facto de “não haver desenvolvimento económico sem industria”, já que os serviços, com excepção feita ao turismo, são apêndices da indústria, e que a competitividade do setor produtor de bens transaccionáveis está intimamente dependente da eficiência dos não transaccionáveis.

Carlos Costa recorreu a uma metáfora futebolística para ilustrar o drama do setor exportador português, que não raro se debate com o problema do ponta de lança que só não marca mais golos porque a linha média não lhe faz chegar a bola em condições – não lhe faz chegar jogo.

O  aumento do autofinanciamento, a conversão de divida em capital e o reforço dos capitais próprios  – através de aumentos de capital pelos atuais accionistas e/ou da entrada de novos –  são as soluções apresentadas pelo governador do Banco de Portugal para fazer à deficiente autonomia financeira das empresas do setor têxtil.

“As empresas portuguesas encontram-se entre as mais alavancadas da Europa. E a  autonomia financeira do setor têxtil é inferior à da industria transformadora, apesar de ter registado um aumento face a  2012”, afirmou Carlos Costa, reconhecendo, no entanto, que “o setor têxtil soube reconverter-se após o forte choque da concorrência asiática, num cenário de desarmamento alfandegário europeu”.

“São vários os exemplos de sucesso em termos de ascensão na cadeia de valor, incorporação tecnológica e boa gestão”, acrescentou Carlos Costa, alertando ainda para o facto de que o sucesso do setor transaccionável é fundamental para permitir progresso sustentados da economia portuguesa.

“É necessário antecipar e preparar os desafios que decorrem do progresso tecnológico, designadamente o surgimento de novos materiais e a automação”, concluiu.   

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