23 Maio 2017
Moda

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Biquini continua sexy aos 70 anos

Criado em 1947, pelo francês Louis Réard, o biquini passa este ano a ser septuagenário mas continua tão sexy como no dia de 1962 em que usando um fato de banho de duas peças branco, bem ajustado às suas elegantes formas, Ursula Andress sai do mar no filme Dr. No da saga 007. Ou, ainda mais recentemente (2002), quando Halle Barry mimetizou a cena (só que com um biquini laranja que lhe assentava na perfeição) em Die Another Day.

Os cariocas, que neste particular de praia não são de capinar sentados, aproveitaram o pretexto para promover uma exposição intitulada “Yes! Nós temos biquini” no CCBB Rio, em que apresentam 120 obras (biquinis propriamente ditos, mas também pinturas, esculturas, videos, fotografias, e ilustrações) alusivas a esta peça icónica que, no entender dos promotores, “promovem o diálogo entre a moda e a arte, além de estimular a discussão sobre temas atuais como o empowerment feminino e os padrões de beleza impostos pela sociedade”.

A exposição traça um percurso que começa com uma explicação sobre a criação do designer francês, que ousou diminuir a calcinha de cintura alta e revelar o umbigo da mulher. O mundo vivia o início da era atómica e Réard queria que sua ideia fosse tão explosiva quanto os primeiros testes nucleares no atol de Bikini e daí surgiu o nome da peça.

Para a jornalista e consultora de moda Lilian Pacce, curadora da mostra, a força de uma peça tão pequena como o biquíni brasileiro, “basicamente quatro triângulos de tecido”, está directamente ligada ao aumento do poder das mulheres ao longo do último século e vai muito além da praia em si.

Apesar de reconhecer que o biquini é uma invenção gaulesa, os organizadores da exposição não conseguem evitar puxar a brasa para a sua sardinha, que é como quem diz afirmar que o crédito pela inovação bem poderia ser atribuído aos índios brasileiros e sua forma de cobrir o corpo: “Tangas marajoaras datadas do período pré-colombiano, cedidas pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP), mostram que os trajes eram usados no país muito antes do descobrimento, mas não eram vistos como roupa pelo olhar moralista dos colonizadores portugueses”.

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