20 Novembro 18
Arte Têxtil

António Gonçalves

Ana Martins faz arte pública com ponto cruz

Pelas suas mãos o ponto cruz ganha uma nova dimensão. A artista portuguesa Ana Martins intitula-se como “bordadeira gráfica” e, sob o nome artístico “Aheneah”, assina obras que conjugam os bordados tradicionais com o design gráfico mais contemporâneo. O resultado é a reinvenção do ponto de cruz, elevado a uma forma de arte urbana.

O seu objectivo é “desconstruir, descontextualizar e transformar uma técnica tradicional numa expressão gráfica moderna”. É assim que a artista lisboeta apresenta o seu projecto. A jovem designer (22 anos) inspirou-se nos bordados da avó, aumentou-lhes o espaçamento e a dimensão e, utilizando centenas de parafusos e muitos metros de lã, cria obras artísticas capazes de marcar a paisagem das cidades.

A ideia passa por mostrar como o bordado, quando conjugado com as novas tendências de design gráfico, pode resultar numa estética inovadora e irreverente. Um jogo entre gerações que não passa despercebido ao público. “As reacções são muito positivas, os mais novos ficam espantados pela forma como o bordado pode ser reinventado e os mais velhos reconhecem-se numa técnica que tem imensa tradição” explica Ana Martins.

E nestes”bordados gráficos”, a jovem parece ter encontrado a sua primeira imagem de marca. Com uma carreira ainda curta, Ana Martins teve já a oportunidade de “tecer” as suas instalações artísticas em várias cidades portuguesas, como Lisboa, Covilhã ou Estarreja.

No seu último trabalho, intitulado “Switch-over”, a jovem criou um mural que representa uma rapariga a flutuar. “Todos os dias, milhares de crianças passam por esta parede no caminho de casa para a escola. Muitas vezes vão a flutuar nos seus pensamentos, alheadas do espaço, do tempo ou da rotina” explica, numa publicação no seu Instagram. Instalada em Vila Franca de Xira, a obra, criada a partir de 2300 parafusos e 700 metros de fio, é o mais recente exemplo da “Arte Têxtil” de “Aheneah”.

Partilhar