A Early Made é, acima de tudo, uma plataforma artística. O espaço, de inspiração industrial, está desenhado para mudar a cada nova colecção e, para além da loja, alberga ainda residências artísticas e uma sala de exposições.
Cláudia Azevedo Lopes
Pode parecer invulgar mas a história da Early Made começa numa Guesthouse, precisamente na porta ao lado de onde hoje se encontra a loja. Uma história que, conta-nos a proprietária, nasceu como as cerejas e cresceu com a Moda.
Patrícia e Emanuel de Sousa são irmãos e tinham aberto em 2012, no número 233 da rua do Rosário, a guesthouse Rosa et Al Townhouse. Foi aí que começaram a reparar que muitos dos seus hóspedes estavam ligados à indústria da moda, uns como empresários que vêm produzir as suas coleções a Portugal, outros como clientes finais. Das conversas trocadas com os empresários ficaram a saber que muitas das marcas internacionais que usavam eram produzidas no nosso país. Dos outros ouviam as queixas de que as lojas da cidade não eram diversas o suficiente, quer fossem High Fashion ou de Mass Market.
“Faltava o intermédio. E as lojas de moda à nossa volta diziam que os clientes da guesthouse representavam um volume muito grande de vendas”, conta Patrícia de Sousa, uma das proprietárias. Entretanto, a loja ao lado vagou e tinham ficado com ela para armazém e escritório. Estava criado o alinhamento perfeito. “Foi como as cerejas, uma coisa puxa a outra. Quando demos por ela, tínhamos contactos feitos com marcas holandesas, francesas, inglesas e suecas, todas elas com produção ou design português. O conceito da loja nasce nestas premissas: roupa intemporal, intermédia, de qualidade, e que de alguma forma seja portuguesa, quer pela matéria-prima, pelo design ou pela produção”, explica Patrícia.
Assim abriram a Early Made, um espaço de inspiração industrial que está desenhado para mudar de layout a cada nova coleção. De momento, a área central está preenchida com peças de roupa que, penduradas em cordas, pendem do teto. Tudo está à mão do cliente, pronto a ser tocado e experimentado. No primeiro ano, vendiam exclusivamente roupa masculina mas o carácter andrógino das roupas fez com que muitas mulheres visitassem o espaço. Agora, a roupa feminina representa 40% das peças. Não que isso interesse, pois a ideia é que (quase) todas as peças possam ser usadas sem olhar ao género.
Maison Kitsuné, Albam, Folk Clothing, Anedocte, You Must Create e Stutterheim são algumas das marcas que pode encontrar na loja. No entanto, caso as marcas internacionais não sejam a sua preferência, pode sempre optar peças made in Early Made, que em alguns casos até são elaboradas dentro do próprio espaço da loja. “Dedico-me à arte têxtil já há algum tempo. As peças são desenhadas por mim e pelo Emanuel e, ou são feitas cá, com execução da Maria David, ou produzidas em fábricas portuguesas. Outras são criadas nas nossas residências artísticas”, completa.
Isto porque a Early Made não é apenas uma loja mas também uma plataforma artística, que se divide em dois espaços: o Blackroom, localizado na cave e que funciona como sala de exposições, e o Whiteroom, o espaço superior onde também está inserida a loja e que alberga as residências artísticas na área do têxtil. Quanto ao nome, Early Made é nada mais nada menos do que tradução literal do nome do bairro portuense onde a loja se insere: Cedo feita. Como as cerejas.
Early Made
Rua do Rosário, 325
4050-524 Porto
Ano de criação 2012 Produtos Roupa, calçado e publicações Sócios Patrícia e Emanuel de Sousa Estilo Orientado para um público diverso mas com um estilo muito próprio, ligado às artes e às indústrias criativas