T18 Março 2017
Empresa

Um mundo encantado

Se a empresa já dobrou o cabo do meio século de vida, evidenciando uma forma invejável, isso deve-se ao facto de ter decidido apostar em produtos de maior valor acrescentado.

Jorge Fiel

Em 1964, quando o contabilista Alberto Pacheco fundou a Heliotextil, ainda havia n gente a usar chapéu, pelo que não foi nada palerma (muito antes pelo contrário) instalar em S. João da Madeira uma fábrica que produzia etiquetas para a indústria de chapelaria – um dos ex-libris do mais pequeno concelho português.

Mas já teria sido não só palerma como até mesmo suicidário não reconhecer que os tempos estavam a mudar e que para continuar a prosperar a empresa tinha de diversificar. “Começamos a fazer apenas etiquetas estampadas de tecidos e fitas, mas tivemos de diversificar muito para continuarmos a levar a água a bom moinho”, conta Alberto.

A Heliotextil começou então a desbravar o quase inesgotável mundo encantado das etiquetas e passamanarias, passando a fabricar produtos tão diversos como etiquetas estampadas, fitas para embalagens e para estudantes (Queima das Fitas), elásticos para underwear, transferes para desporto (números e nomes para aplicar nas camisolas de clubes), e por aí adiante.

Mas se a empresa já dobrou o cabo do meio século de vida, evidenciando uma forma invejável, isso deve-se ao facto de em boa hora ter decidido apostar em produtos de maior valor acrescentado, aventurando-se em mares nunca dantes navegados, investigando e desenvolvendo produtos que não existiam.

“Não há nenhuma empresa no mundo igual à nossa. Podemos ter concorrentes que estão dedicados a uma ou outra das nossas áreas, mas o que nos distingue é a grande diversidade de produtos, pessoas e tecnologias”, explica Miguel Pacheco, 47 anos, filho de Alberto, que após ter acabado Economia na FEP, em 1993, ainda foi analista financeiro no Banif durante um ano, antes de corresponder ao apelo da indústria (“Nas minhas infância e adolescência passava as férias grandes na fábrica”) e juntar-se à Heliotextil, para ajudar a empresa a acelerar a sua subida na cadeia de valor.

Os prémios que recebe regularmente – não só os nacionais Inovatêxtil mas também os da ISPO de Munique – são a prova dos nove da justeza e sucesso da opção de Miguel que levou a empresa a apresentar produtos tão inovadores e surpreendentes que até parecem ter sido inspirados em livros de ficção científica.

As pulseiras que garantem o acesso a festivais rock são uma coisa banal. Mas a Heliotextil conseguiu emprestar-lhes inteligência. Na última Feira Medieval da Feira, elas tinham incorporado um microchip com informação que lhe permitia serem usadas como um meio de pagamento – podiam estar carregadas com 20 euros e essa quantia ir sendo usada em compras nas tendas ou cantinas.

A smart touch glove, distinguida com um Top 5 na última ISPO é outras das formidáveis invenções made in S. João da Madeira. Imagine que é um polícia num país do Norte da Europa, está a patrulhar na rua no Inverno, com 15 graus negativos, e tem de falar para a esquadra. Dantes, tinha de tirar a luva para ativar os ecrãs tácteis do telemóvel. No futuro esse sacrifício não vai mais ser preciso, pois a Heliotextil inventou uns transferes condutores que aplicado nas pontas dos dedos das luvas lhes permitem pressionar as teclas dos ecrãs touch. Uma maravilha, não é?

A Empresa

Heliotextil
Zona Industrial nº 1
Rua dos Combatentes do Ultramar 167
4500-480 Espinho

Trabalhadores 100 Volume de negócios 5 milhões de euros Exportação  30% da produção é vendida directamente para o mercado externo, mas todos os seus clientes nacionais são exportadores Clientes “Temos centenas de clientes, mas nenhum deles pesa mais de 5% na nossa facturação”, esclarece Miguel Pacheco  Produtos tradicionais Etiquetas, transferes, elásticos e fitas  Área coberta da fábrica Mais de 10 mil metros quadrados

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