T49 - Dezembro 19
Empresa

No bom caminho

“O mercado puxou por nós … ”, responde Afonso Barbosa, 48 anos, fundador e sócio gerente da Familitex, quando convidado a explicar como é que a micro-fábrica que arrancou há 20 anos, em Carapeços, com três teares arrumados e um armazém com menos de 400 m2 quadrados se transformou numa empresa com 92 teares, 90 trabalhadores, uma área coberta de 14 mil m2 e um volume de negócios de 24 milhões de euros, que controla a Familitex Tinturaria e a Serkut, empresa de stock service que vai fechar o ano com vendas de cinco milhões de euros

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A aventura começou na primavera de 1999, pela mão de dois primos (daí o nome Familitex), Afonso Barbosa e José Manuel Mota, orgulhosos da proeza de serem sócios há 28 anos sem nunca terem tido uma única zanga.

A sociedade começou na hotelaria, com dois cafés (o Satélite e o Apeadeiro), quando Afonso voltou da tropa (cumprida entre Tomar e o Depósito de Material de Guerra de Moscavide) e decidiu estabelecer-se por conta própria, em parceria com Zé Manel, que trabalhava na construção e andara emigrado por terras de França.

Uma meia dúzia de anos no negócio dos cafés, deixou os primos com ânimo e capital para se aventurarem na indústria têxtil, onde Afonso tinha pergaminhos, já que antes da tropa trabalhara em vários malheiros de Barcelos, tendo debutado na Falcão.

O início foi tímido, como convém, nunca levantando o pé de trás sem ter o da frente bem assente no chão. Começaram a trabalhar como subcontratados, fazendo malhas para empresas como a Vilartex. Em 2003, andaram um bocado de lado, por culpa do tsunami que se seguiu à adesão da China à OMC. “A coisa esteve tremida”, reconhece Afonso.

Mas a lição foi aprendida.

Os primos começaram a procurar ativamente clientes e em 2004 descobriram na Pocargil o parceiro certo para uma nova fase de crescimento da empresa. “Precisávamos de nos alavancar em alguém com estrutura”, diz Afonso, que não esconde a gratidão a Carlos Vieira (“apostou em nós”).

A Pocargil foi a rampa de lançamento, tendo chegado a representar 70% das vendas. Mas concluída a fase da descolagem e mal se apanhou a voar logo a Familitex fez um esforço de diversificação de produtos (“neste momento temos mais de 500 referências dentro de portas”), mercados (já exporta diretamente mais de 25% da produção) e clientes – o peso do maior não ultrapassa os 15% da sua faturação.

Com o mercado a puxar, a empresa foi ganhando envergadura. Primeiro dotou-se de mais um braço, a Serkut, um armazém de malhas acabadas que ajuda a escoar produção – é o seu terceiro maior cliente. E este ano avançou para jusante, investindo na tinturaria e acabamentos, com a Familitex Tinturaria, resultante da aquisição e reestruturação (em curso) da Luís Simões.

Os segredos deste sucesso? O compromisso (“ou acredito numa coisa ou não me meto”), o investimento (“não há ano que passe sem investirmos”), a produtividade (“não podemos ficar sentados na cadeira à espera que os cliente venham ter connosco”) e uma estratégia acertada, que passa agora pela aposta em produtos sustentáveis e em malhas técnicas, para desporto (e não só). “Estamos no bom caminho”, conclui Afonso, um empresário que sabe o que quer e para onde vai.

A Empresa

Familitex Tecelagem
Rua das Giestas 379
Tamel S. Pedro Fins
4750-714 Barcelos

O que faz? Todo o tipo de malhas circulares  Empresas associadas Serkut (armazém de malhas acabadas) e Familitex Tinturaria (ex-Luís Simões) Exportação direta 25% a 30% Principais mercados  Finlândia, Espanha e Alemanha Fundação 1999 Certificações GRS (Global Recycle Standard), GOTS e Oeko-Tex Networking Master of Linen Club, membro da CELC- Confederação Europeia de Linho e Cânhamo Trabalhadores 90 (mais 80 na Familitex Tinturaria e cinco na Serkut)   Volume de negócios 24 milhões de euros (previsão para 2019)

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