A missão da Trimalhas é criar malhas de qualidade e complexidade superior para todos os seus parceiros. Nasceu com a crise, em 2002, e por isso cresceu na obediência às regras do rigor, disciplina e poupança e já factura mais de 15 milhões. Este ano atingiu a meta de 40% em exportações directas, que tinha fixado para 2019.
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2002 não é exatamente um ano de boa memória para a ITV portuguesa, que enfrentava então o choque da adesão da China à OMC e do desarmamento alfandegário da Europa, que escancarava as suas portas aos produtos asiáticos baratos, uma concorrência demolidora – e desleal porque baseada em dumping salarial, social e ambiental.
Mas Antonino Pinto, 64 anos, guarda gratas recordações de 2002, o ano em que criou a Trimalhas, não se amedrontando com a conjuntura desfavorável, pois sabia perfeitamente que a crise é apenas o momento de transição em que o velho ainda não desapareceu e o novo começa a despontar.
“Esta crise tremenda é a melhor coisa que me podia acontecer, pois assim a minha empresa vai nascer e crescer na obediência às mais estritas regras do rigor, disciplina e poupança. As dificuldades não me vão deitar abaixo. Pelo contrário, vou aprender com elas”, respondia Antonino a quem lhe chamava imprudente – ou até mesmo maluco – por se aventurar a investir na têxtil numa altura daquelas.
Em 2002, à data da fundação da Trimalhas, Antonino tinha 48 anos de idade e 38 de têxtil, onde debutara no final da primária, ajudando o pai, José Armindo Sousa Pinto, “um empresário superinteligente” que teve vários negócios nesta indústria e quase duas dúzias de filhos, dos quais 15 sobreviverem.
Antonino trabalhou com o pai, por conta de outrém (um projeto na área da tecelagem), e ainda na Vilartex, com Joaquim (o seu irmão mais velho e bancário), até que no início do século resolveu fazer o seu caminho, criando a Trimalhas – tri porque associou dois irmãos ao projeto e malhas porque é isso que fabrica.
Apesar dos ventos contrários que teve de enfrentar durante os primeiros anos de vida, a Trimallhas foi crescendo, navegando à bolina. Quando a tempestade amainou e os ventos passaram a soprar a favor teve de investir no aumento de capacidade produtiva, para fazer face ao aumento das encomendas e equipar-se com uma nova estratégia, mais adequada a uma conjuntura favorável.
Nos últimos dois anos, investiu cinco milhões de euros em atualização e aumento da capacidade instalada – um novo pavilhão, compra de teares circulares, remodelação de escritórios, novo laboratório, etc. Agora que a fábrica está como um brinco, moderna e ampliada, trata-se de colher os frutos deste esforço de investimento.
“A modernização não foi só nos equipamentos, mas também na organização, layout industrial e métodos de trabalho”, explica Antonino, orgulhoso de ter uma empresa verde e amiga do ambiente (“Reciclamos tudo, o aço, o óleo, o plástico …”), com a certificação GOTS, e de proporcionar boas condições de trabalho aos colaboradores.
A nova estratégia que Antonino definiu para a Trimalhas consiste em aumentar a percentagem das exportações directas nas vendas; trabalhar cada vez mais com o cliente final; e privilegiar a rentabilidade ao volume.
“A minha preocupação não é vender muito, mas ganhar mais”, resume Antonino Pinto, satisfeito por ter atingido no primeiro trimestre deste ano a meta de exportações diretas fixada para 2019 (40%) – mas também, e essencialmente, por ter demonstrado que as empresas que nascem em anos de crise estão vocacionadas para o sucesso.
Trimalhas
Rua Engº Orlando Vital Marques Rodrigues
Candoso S.Tiago
4835-244 Guimarães
Visão “Criar malhas de qualidade e complexidade superior para todos os nosso parceiros” Trabalhadores 80 (trabalham em três turnos) Capital social 5 milhões de euros Volume de negócios 15 milhões de euros Principais clientes Balenciaga, Massimo Dutti, Purificación Garcia, Mango, etc