T24 Setembro 2017
Empresa

Este trio é o Máximo

São três os Máximos que dão o máximo na TMR Clothing. Márgarida, CEO da empresa onde tem como braços direitos dois outros Máximos, a filha Mariana (Product & Sales manager, com o curso de costureira feito no Cenatex) e o sobrinho Miguel (Quality manager) - são eles que compõem o trio Máximo. Apesar de dura, a travessa valeu a pena e hoje, a recompensa chegou e mostrou que tudo valeu a pena.

Jorge Fiel

Margarida Máximo nunca na vida esquecerá o regresso de férias em 2009. O agente inglês que ficava com toda a produção da TMR Clothing comunicou-lhe que ia redirecionar as suas compras para o Oriente. Por outras palavras, a fábrica que ela fundara em 1998 ficava sem encomendas. Zero absoluto!

Durante todo o ano de 2010, a TMR esteve no corredor da morte. “Passei muitas noites sem pregar olho a pensar como haveria arranjar clientes e convencer a banca e a Segurança Social a renegociarem prazos de pagamentos”, confessa Margarida, a CEO da empresa onde tem como braços direitos dois outros Máximos, a filha Mariana (Product & Sales manager, com o curso de costureira feito no Cenatex) e o sobrinho Miguel (Quality manager) – o trio Máximo.

A travessia do deserto foi dura, mas os Máximo nunca atiraram a toalha ao chão e a recompensa pela persistência acabou por chegar. Os holandeses da Humanoid acharam interessante a proposta da TMR, ao ponto de se meteram ao caminho, vieram cá, gostaram do que viram e colocaram um encomenda boa.

“Foi a nossa salvação. Forneceram a matéria-prima – nós não tínhamos dinheiro para a comprar – e pagaram logo”, recorda Margarida. Os holandeses foram o ponto de viragem não apenas pela encomenda em si mas também por serem um cartão de visita. Começaram logo a entrar novos clientes, marcas de moda holandesas e alemãs, pois quem trabalha para a exigente Humanoid tem de ser bom.

Do annus horribilis de 2010, em que balouçou à beira do abismo da falência, Margarida aprendeu uma grande lição: “É impossível concorrer pelo preço com quem trabalha 14 a 15 horas por dia, sábados incluídos”. A TMR elevou a mira para o segmento médio/alto, onde não há tanta concorrência, apostando na qualidade e valor acrescentado.

As vendas caíram de um pico de 3,5 milhões para o milhão atual, mas a TMR sobreviveu e segue o seu caminho com a cabeça bem fora de água. “Não estamos vocacionados para quantidades. O corte automático permite-nos ter flexibilidade para satisfazer pequenas encomendas”, explica Margarida.

A TMR contratou um designer e pôs as fichas todas na sofisticação da sua oferta de private label. “Não estamos dependentes das coleções dos clientes. Alimentamo-los com design. Todos os anos apresentamos-lhes seis diferentes coleções. O segredo do sucesso é estar sempre a acrescentar”, diz Margarida, que nasceu em Guimarães, numa família numerosa (cinco irmãs e um irmão) e tinha 14 anos quando começou a trabalhar numa fábrica têxtil.

Ambiciosa, mal atingiu a maioridade foi para Londres, trabalhar au pair na casa de uma família alemã, com a ideia fixa de aprender inglês. Dois anos volvidos, regressou à pátria e a fluência em inglês valeu-lhe um emprego num agente têxtil, onde se demorou uma dúzia de anos, em que não cessou a dar de beber à sua sede de conhecimento, fazendo nas horas livres e aos fins-de-semana, cursos de modelismo, controlo do tempo, planificação, método e tempo, etc, no CITEVE.

Irrequieta, em 1998 conclui que a única forma de tinha de dar um bom produto aos seus clientes era ser ela a fabricá-lo. E apesar de ter uma filha para criar, aventurou-se a atravessar o Rubicão. Com cinco costureiras e máquinas compradas a prestações, criou a TMR Clothing. Nascia uma empresária.

A Empresa

TMR Clothing
Lugar da Pedreira, lote 14
Parque Industrial de Azurém
4800-057 Guimarães

Trabalhadores 20 Volume de negócios 980 mil euros (2016) Exportação 100% da produção é exportada para Holanda (35%), Alemanha (35%), Espanha, Suíça, Islândia Máximas do trio de Máximos ”Build a strong base and stay focused and true to yourself” (Margarida); “Start small, focus, get it right, and then let the growth come” (Mariana); “From very humble beginnings you can go places and be successful” (Miguel)

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