T32 Maio 2018
Empresa

Crescer com o Coração

Em 2011, em plena crise económica internacional, Francisco Teles Menezes teve um "gesto arrojado" e decidiu adquirir a Rendibor. A empresa, entretanto rebatizada com o nome "Ribera", apelido da familia galega que a fundara em 1905, tem-se revelado um caso de sucesso e lançou mesmo uma marca própria de linhas para crochet.

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Algures em finais de 2011, quando combinou um almoço com Soares Lopes, seu amigo e cliente, não passava sequer pela cabeça de Francisco Teles de Menezes que iria estar em cima da mesa uma proposta de compra da Rendibor.

À sobremesa, Soares Lopes lá lhe foi dizendo que tinha decidido reformar-se, reflectira muito sobre o assunto e não via mais ninguém senão ele, Teles de Menezes, para pegar na Rendibor, que ele adquirira ao grupo Sonae no âmbito de uma operação de MBO (Management Buy Out).

“Fiquei surpreendido com a proposta. Não estava nada à espera daquilo”, confessa Francisco, a propósito do menu deste almoço que lhe mudou a vida e teve lugar na Lionesa, onde batia o coração da sua empresa de importação de acessórios.

A conjuntura não aconselhava a aventuras. O mundo sofria a ressaca da crise das dividas soberanas. E em Portugal, com a troika instalada em Lisboa, o mercado interno estava anémico. Como agravante (e por consequência), as vendas da Rendibor estavam em queda livre.

“Pensei duas vezes. Estávamos em plena época de crise. O momento não era o melhor”, explica Teles de Menezes, que tinha 43 anos à data da ocorrência (completa meio século de vida neste mês de maio).

Mas depois de bem analisada a empresa, diagnosticadas as razões para as vendas terem sofrido uma quebra brutal e esboçada uma estratégia para dar a volta à situação, Francisco resolveu agarrar a oportunidade, pois quando se sabe o que se quer na vida, não há que enganar, é olhar sempre em frente – para trás só mesmo se for para tomar balanço. “Foi um gesto arrojado”, concorda.

Para o acompanhar nesta empreitada, desafiou, com sucesso, Andreas Falley – seu amigo desde miúdo (“é o padrinho do meu filho mais velho”) e que deve o nome ao pai alemão -, estava de saída da Supercorte e tinha muito experiência na têxtil, ganha entre a Fitor e a Profato.

“A parte comercial não funcionava. E a Rendibor estava demasiado exposta ao mercado interno, onde fazia mais de 90% das vendas”, recorda Teles de Menezes, que em 2015 rebaptizou a empresa com o nome inicial, Ribera, o apelido da família galega que a fundara em 1905, na Senhora da Hora.

Os números estão aí a demonstrar que compensou a aposta na exportação e numa maior agressividade comercial junto de grandes clientes exportadores de têxteis lar, ou seja do consumidor, em detrimento de armazenistas e distribuidores.

Em 2011, a Rendibor faturou 400 mil euros. No ano seguinte, com a dupla Francisco/Andreas ao leme, as vendas cresceram 25% para 600 mil euros. E em 2013 voltaram a subir mais 25%, para 800 mil euros.

“O volume de negócios tem crescido sempre. Para este ano, esperamos uma subida de 20%, para 1,2 milhões”, diz Teles de Menezes, acrescentando esperar que o lançamento de um novo produto alavanque este aumento das vendas.

No final do ano passado, a Ribera reativou a produção de linhas para crochet, com a marca própria Coração, que tinha sido descontinuada quando se perdeu no nosso país a tradição de fazer crochet.

A América Latina, onde tradição do crochet se mantém e a Ribera já tem raízes estabelecidas na Colômbia e Peru, é o mercado onde Teles de Menezes a Ribera prevê que as vendas das linhas Coração disparem.

A Empresa

Rua Monte dos Picos 589
Guifões
4460-059 Matosinhos

O que faz? Rendas, bordados e linhas para crochet, que comercializa com a marca própria Coração Trabalhadores 25  Volume de negócios 1 milhão de euros (2017)

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