Apostar na exportação, em marcas próprias, na diversificação de produtos e inovação tecnológica são os ingredientes da poção mágica que fez a Sorema quase duplicar as vendas desde o início do século.
Jorge Fiel
Apostar na exportação, em marcas próprias, na diversificação de produtos e inovação tecnológica são os ingredientes da poção mágica que fez a Sorema quase duplicar as vendas desde o início do século.
Os números, que não costumam mentir, são a prova dos nove da justeza da estratégia definida na viragem do milénio pela 3ª geração de Relvas: dos mais de dez milhões de euros do volume de negócios, 95% são feitos no mercado externo e 65% com as marcas próprias da empresa de Espinho, que começou a fabricar tapetes e agora oferece toda a gama para casa de banho.
A Sorema nasceu no ano da Revolução de Abril, por vontade de Ramiro Relvas e do seu filho Duarte, com o projecto de fornecer a indústria automóvel, ideia inicial que apesar de nunca concretizada ficou para todo o sempre tatuada na sua razão social, que agrupa as iniciais de Sociedade de Revestimentos e Materiais para Automóveis.
Após dois anos de contratempos, a Sorema começou finalmente a laborar em 1976, fabricando tapetes para casas de banho, produto alternativo a que chegaram pela mais pragmática das razões:
“Era a única outra coisa que as máquinas que tínhamos à época davam para fabricar, para além dos revestimentos para automóveis”, esclarece Ricardo Relvas, 36 anos, licenciado em Gestão pela FEP, e o mais novo dos três netos do fundador Ramiro – os outros são Duarte, 43 anos, engenheiro têxtil, e André, 41 anos, licenciado em Gestão.
Estes três irmãos, que constituem a 3a geração de Relvas empreendedores, são os responsáveis pelo novo fôlego estratégico que a Sorema conheceu a partir de 2000, ano em que vendia seis milhões de euros e, no seu essencial, vivia do mercado doméstico e fabricava exclusivamente com a marca dos clientes.
“Percebemos que não iríamos conseguir sobreviver só no mercado nacional”, diz Ricardo, recordando o diagnóstico que serviu de base à estratégia da Sorema para o século XXI, e consistiu em subir na cadeia de valor – e fazer com que os tapetes made in Espinho voassem para todo o mundo.
O tom da viragem foi dado logo no ano 2000, com a apresentação da Sorema Bath Fashion, colecção mais moda, jovem, colorida e de gama média, a que se seguiu, dois anos volvidos, o lançamento da Graccioza, marca premium para o segmento alto, ao mesmo tempo que diversificavam a oferta alargando-a dos tapetes para toalhas, roupões, linha de praia, etc.
“Começamos a entrar nas toalhas, cortinas de casas de banho, acessórios, coordenados”, conta o mais novo dos três irmãos Relvas, descrevendo a trajectória de diversificação que foi a par de um investimento em inovação que enriqueceu a oferta da Sorema com produtos mais tecnológicos como saídas de banho mais finas ou tapetes mais fofos, recheados e almofadados, comercializados com a marca My cotton cloud, by Gracioza, que já valem 5% o volume de negócios, e usam o sugestivo slogan “it’s heaven at your feet”.
O solavanco do casamento falhado com a Welspun – desfeito num divórcio amigável celebrado dois anos volvidos sobre a compra de 60% do grupo pelo gigante indiano – não foi suficiente para atrapalhar a bem sucedida escalada na cadeia de valor que a Sorema iniciou no ano 2000.
Sorema
Rua os Limites 145, Silvalde
4500-480 Espinho
Trabalhadores 130 Volume de negócios 10 milhões de euros (2015) Principais mercados Espanha (tem corners em 50 armazéns da cadeia El Corte Inglés), Estados Unidos (Macys e ABC Carpet NY, entre outros), Reino Unido, Japão, China e países árabes (estão nas Galerias Lafayette no Dubai e em Marrocos) Private label Vale 45% da facturação. Faz as marcas de cadeias de department stores como John Lewis e Takashimaya Marca Graccioza, My cotton cloud