T30 MARÇO 2018
Empresa

A fuga das galinhas

A Faria da Costa nasceu de uma resolução estratégica de Álvaro Costa, fundador da empresa, que antes do têxtil se dedicava à avicultura. Especializada na produção de meias, a empresa sediada em Barcelos tem feita da investigação e desenvolvimento de novos produtos o seu principal parceiro. Nos seus projectos pode-se ver o que todos vamos calçar no futuro.

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Em Barcelos, no final dos anos 80, como o que estava a dar era a têxtil, Álvaro Costa resolveu mudar de vida e trocar as galinhas pelos trapos, saindo da avicultura (produzia pintos e ovos reprodutores) para investir numa fábrica de meias.

A Faria da Costa começou por fabricar meias clássicas e de desporto até Álvaro perceber que para continuar a prosperar e fazer face à concorrência asiática teria de subir na cadeia de valor e apresentar produtos diferenciados e mais técnicos.

Foi no âmbito desta mudança estratégica de agulha que passou a privilegiar as meias de inverno e investiu em equipamento e investigação para poder oferecer aos clientes produtos com maior valor acrescentado.

Meias de lã com misturas de fibras especiais (Coolmax, Bamboo, Thermolite) que lhes proporcionam funcionalidades – como as peúgas anti-transpiração que a Faria da Costa fornece ao exército de Israel –  foram a primeira etapa desta nova orientação .

Mas aposta nas meias de Inverno teve como face negra as terríveis consequências do aquecimento global, que coincidiram no tempo com o desembarque da Troika e as ondas de choque da crise das dividas soberanas.

“O tempo pode ser o nosso inimigo número um. Invernos quentes prejudicam-nos mais do que a concorrência”, explica Nuno Costa, o filho do fundador.  Após um pico de faturação de cinco milhões de euros em 2011, o volume de negócios caiu de uma forma alarmante (45% em 2012 e 25% em 2013) nos dois exercícios seguintes.

Em 2015, a Faria da Costa conseguiu estabilizar as vendas e em 2016 voltou ao crescimento (5%) já munida como uma estratégia para regressar, em 2020, aos cinco milhões de euros de volume de negócios, que consiste em combater a sazonalidade com a diversificação para artigos de verão e um forte investimento em i&d.

Foi nesse mesmo ano de 2016, que em parceria com o CITEVE, a empresa iniciou o projeto WyFeet de desenvolvimento de meias de aquecimento ativo, que permitem manter os pés quentes, mesmo em temperaturas negativas extremas, e que entra este março na fase de produção industrial.

Para este mês está prevista a produção de cinco mil pares de meias WyFeet-Warm your feet, que têm um sensor na zona da planta dos pés e duas baterias, semelhantes às de um telemóvel, na zona dos tornozelos, que – garante Nuno Costa – “não se notam, nem causam qualquer incómodo”.

Empresas e cadeias de distribuição de diversas paragens – Estados Unidos, Áustria e países nórdicos – já manifestaram interesse em fazer encomendas destas meias inovadoras, que mantêm os pés quente, a uma de três temperaturas previamente reguladas, durante um período de tempo que oscila entre as oito e as 16 horas.  Está previsto que uma segunda geração destas meias com sistema integrado de aquecimento tenham um GPS.

O projeto WyFeet, que implicou um investimento em i&d de 350 mil euros, surgiu do desabafo de um cliente estrangeiro, que se queixava de não ia poder acompanhar uma determinada etapa do rali da Suécia porque não suportava estar várias horas com os pés frios.

A Empresa

Faria da Costa
Rua do Crasto 5
4750-767 Barcelos - Ucha

Trabalhadores 80 Volume de negócios  3,2 milhões de euros Capacidade instalada 25 mil pares de meias/mês Grande cliente  H&M  Principais mercados Alemanha, Noruega, Dinamarca e Suécia  Área coberta 7 500 metros quadrados Novos produtos cachecóis, gorros, “leg wormers”

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