sogra garante que de uma lata de atum ela é capaz de fazer um prato digno de ser servido num restaurante com estrelas Michelin. A cozinha é para Teresa, 35 anos, uma paixão antiga. Tinha cinco anos e, sob o olhar atento da avó materna, já batia à mãos as claras em castelo e benzia o bolo antes de o meter no forno, para que ele crescesse e ficasse fofinho. Mais tarde, já com dez anos, sob a supervisão da mãe, fez a sua primeira refeição: um frango assado no tacho com arroz branco. A gastronomia é um dos seus amores.

Neta e filha de empresários têxteis, cresceu no meio de cortinas e cortinados. Passava os sábados na fábrica de Perfel, em Sto. Tirso, onde se entretinha a fazer rolinhos com os desperdícios. Mal acabou o Secundário, no Carolina Michaelis, fez a primeira Heimtextil, com 18 anos, e começou a trabalhar na Marques Pereira & Filhos, a  empresa do pai, com um salário de 70 contos. De manhã, ia para as aulas, no IPAM, em Matosinhos, à tarde, seguia para Santo Tirso, ao volante de um Honda Civic vermelho, que não tardou a ser substituído por um Jepp Discovery novo, a recompensa por ter fechado uma grande nota de encomenda na sua segunda Heimtextil.

Até aos 25 anos trabalhou com cortinas e cortinados, mas a sua paixão era a roupa, não os têxteis-lar. Não o desenho da roupa (senão teria ido para Design de Moda), nem o seu desenvolvimento ou produção (senão teria sido Engenheira Têxtil), mas antes conseguir que alguém a compre – e por isso estudou Gestão de Marketing. Trabalhar a psicologia e mentalidade do consumidor é o seu outro grande amor.

“Nunca me arrependi da opção. O curso foi muito bom. Saímos de lá com uma licença de aprendizagem e as ferramentas para ser alguém”, conta Teresa, uma rapariga prendada que toca piano e fala francês (e também espanhol, italiano e inglês) e deu nas vistas mal chegou ao IPAM. Ao ver que só havia Tuna masculina, logo afixou na parede do bar um papel abrindo as inscrições para formar uma Tuna feminina. Não tardou a ser tesoureira, primeiro, e presidente, depois, da Associação de Estudantes.

Habilitada com a licença de aprendizagem, emancipou-se da família e dos têxteis-lar, iniciando há dez anos, na Seletiva Moda, um percurso com escalas na A. Ferreira (onde deu vida à marca de roupa para bebé Wedoble), Onara e Cheyenne que a levou até ao grupo Valerius, onde está nas suas sete quintas, desenhando estratégias para fazer crescer e aperfeiçoar a personalidade de marcas como a Sucre et Sel e a Concreto.