Márcia Nazareth
“Quando comecei, não fazia a mínima ideia da carga de trabalhos em que me ia meter"
Márcia Nazareth
T13 Outubro 2016
Emergente

Jorge Fiel

Márcia Nazareth
"A roupa acabada de passar é um dos cheiros que guardo da minha infância."

Nasceu nas Antas mas cresceu entre os tafetás e ferros de engomar. Apaixonou-se pela fotografia mas antes de chegar ao ponto onde está - vestir pessoas com fotografias -, tirou o curso de Design Gráfico, passou pela publicidade e criou a sua própria agência. Nada disto a preencheu até decidir, aos 40 anos, juntar a fotografia ao têxtil e afinar agulhas.

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pai e a mãe cursaram Pintura, em Belas Artes. A avó materna, Maria da Luz Guimarães, criou a primeira empresa do Norte a fazer plissados. A avó paterna, Aurora Nazareth, foi mestre de guarda-roupa de grupos de teatro como o TEP ou o Seiva Trupe. Com estes antecedentes, era fatal como o destino que a vida de Márcia fosse perfumada pelas artes e acabasse por desaguar nos mares dos trapos.
“Cresci no meios dos tafetás e ferros de engomar. A roupa acabada de passar é um dos cheiros que guardo da minha infância. Os vestidos dos séculos XVII e XVIII fazem parte do imaginário da minha adolescência. Apaixonei-me por peças de roupa fora do normal”, recorda Márcia Nazareth, 44 anos, designer, fotógrafa e empresária, entre outras coisas.
Nasceu nas Antas, onde se fez mulher, e a opção por fazer o secundário na Soares dos Reis indicia claramente que nunca teve dúvidas: as artes e a sua vida iriam inevitavelmente entrar em rota de colisão.
Aproximou-se da Fotografia, que se tornaria uma das suas grandes paixões, quando andava na faculdade, muito por culpa do seu primo Adriano Nazareth. Mas mal acabou o curso de Design Gráfico foi logo parar ao mundo da publicidade, andando entre o Escritório do Design, Logo (um ano) e o Conceito Gráfico até deitar âncora na Opal, onde se demorou três anos em que dormiu pouco e fez muitos trabalhos, entre o quais o da invenção de uma nova imagem para os Cafés de Cabo Verde.
Após uma meia dúzia de anos a trabalhar por conta de outrém no mundo da publicidade, resolveu embarcar na aventura de, em 2003, fazer a sua própria agência, a AnazarethBranding – sendo que o A é a inicial da André, o marido (e sócio nessa empresa), que ela conhecera nos jantares de publicitários e não resiste a elogiar (“É a pessoa que mais me tem ajudado a ultrapassar todos os desafios da vida”).
A aventura durou dez anos exatos, em que viveu dias felizes (recorda, entre outras coisas, o lançamento e imagem do restaurante daterra, bem como a campanha do antibiótico Clavamox, da Bial) e outros nem tanto.
Navegou tranquila em mar chão e enfrentou tempestades, até que em 2013, recém chegada à casa dos 40 anos, pensou “é agora ou nunca!”, pôs termo à viagem da agência de publicidade AnazarethBranding – e mudou para a Fotografia e a Têxtil a agulha da sua vida profissional.
A ideia era simples: colocar as fotografias que fazia em tecidos. O conceito também: pôr as pessoas a vestir fotografias. A marca Nazareth descolou há três anos, com a coleção (13 a 14 peças, com edições limitadas e numeradas de 25 exemplares cada) de t-shirts OhPorto, que como o próprio nome indica tinha o Porto como tema – e deu logo nas vistas ao ponto da atriz brasileira Regina Duarte ter aparecido nas revistas vestida com uma foto da ponte D. Luiz feita por Márcia.
Pedras, madeiras, areias, gangas, telhados e outras texturas fotografadas por Márcia e passadas a preto e branco são os temas da coleção “Black”, a sétima, apresentada no último Modtíssimo. Pelo meio estão as coleções Fado, Lx. Air (com fotografias aéreas), Green e Beach, bem como duas extra-numeração, uma encomendada pela Casa da Música e outra dedicada a Berlim, a cidade que é a sua mais recente paixão.
“Quando comecei, não fazia a mínima ideia da carga de trabalhos em que me ia meter. Mas ainda bem que não sabia, porque adoro o que faço”, conclui Márcia, que tem no Mercado de Matosinhos o quartel general da NazarethCollection, que define como “uma marca de vestuário que combina fotografais moda, explorando beleza, arte e cultura”.

Cartão Do cidadão

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