Reconhecido em Paris
Desde 2016 que Hugo Costa é presença assídua na Semana da Moda Masculina de Paris
Hugo Costa
T35 Setembro 18
Emergente

Cláudia Azevedo Lopes

Carreira de Professor
“O ser professor ajuda-me a manter-me activo" afirma Hugo Costa, sobre a sua experiência no Modatex

Desenha desde novo e é hoje uma das principais figuras da moda nacional, no entanto, nem sempre seguiu a vocação pelas artes. Hugo Costa chegou a experimentar outras áreas, mas rapidamente percebeu que a vida sem arte não é possível.

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inda o 1º semestre do 1º ano do curso de engenharia informática não tinha acabado e Hugo Costa já se tinha apercebido que aquilo não era para ele. Mal chegou a casa nas férias de Natal, pôs-se logo a desenhar. Afinal de contas, a vida sem arte não era possível.

A paixão pelo desenho vinha desde pequeno, quando criava as suas próprias bandas desenhadas, copiava as da Marvel, e – para ter desenhos que mais ninguém tinha – gravava os episódios do dragon ball e pausava a televisão para copiar o frame. Sempre com o material de desenho atrás, passou a infância na fábrica de calçado do pai – onde a mãe também trabalhava como gaspeadeira – e quando não estava a desenhar, divertia-se a andar de bicicleta com os primos – sempre a competir para ver quem fazia o peão mais longo – e a tirar elásticos aos carros que passavam. O fascínio pela fábrica e pelas máquinas era tanto que quase perdeu lá um dedo, mas é só aos 12 anos, nas férias e nas horas livres, que começa a ajudar na empresa.

Foi também cedo que se manifestou a sua outra paixão: o Futebol Clube do Porto. “A primeira vez que entrei num estádio devia ter 14 anos, num Porto-Benfica, com o meu padrinho, que foi quem me começou a levar aos jogos. Mas o fanatismo vem muito antes disso. Lembro-me de estar em casa com o meu pai a chorar por causa dos jogos”.

Aluno mediano, “de quinzes”, estudava o suficiente para tirar uma nota que agradasse à mãe e para o futuro sonhava com arquitetura, que viu escapar-se-lhe por uma décima na média de acesso ao ensino superior. Foi assim que com 18 anos, e sem a mínima ideia do que queria fazer no futuro, escolheu engenharia informática e partiu para Aveiro.

“Achei que conseguia cortar totalmente com as artes. Estava enganado. Ao fim dos primeiros meses, já estava em sofrimento. A vida mostrou-me que, quando temos uma ligação com a criatividade, somos abençoados e só percebemos isso quando sentimos a ausência dessa ligação”. No Natal, após uma interminável série de exames de cálculo, física e álgebra, regressa a casa sedento de sujar as mãos. Nessa altura começa a namorar com Carmo Araújo, hoje sua mulher, e começa a desenhar calçado para a ela mostrar ao pai, que tinha um gabinete de modelação de calçado. Quando deu por ela, estava a desenhar roupa. “Fazia primeiro o look e depois complementava com o calçado”.

Decidiu trocar o curso para Design, também em Aveiro, mas a falta de vagas fez com que ficasse de fora. Não desistiu. Reúne com os pais e diz-lhes que se vai candidatar ao Modatex. “Se entrares no Modatex, desistes do curso. Se não entrares, voltas para Aveiro”, acordaram. Parecia tudo alinhado, só que o destino quis diferente: não entrou e regressa a Aveiro, para mais um ano e meio de sofrimento. Quando já não consegue aguentar mais, desiste. “Foi a melhor coisa que fiz”.

Quando ingressa em Design de Moda em Castelo Branco, foi como chegar a casa. “Senti que eram quatro anos – quatro tiros, e eu não ia falhar nenhum”, confessa. A experiência corre tão bem que ainda durante o curso, onde teve como professoras Brígida Ribeiros e Alexandra Moura, começa a trabalhar como freelancer para empresas e marcas de todo o tipo. “Se houvesse uma oportunidade que estivesse relacionada com o design de moda eu aceitava. Ia à procura das oportunidades e agarrava-as”.

Em 2010, já depois de finalizado o curso e já com a marca Hugo Costa criada, estreia-se espaço Bloom do Portugal Fashion e em 2014 dá o salto para passerelle principal. No entanto, é o ano de 2016 que traz ao designer uma das maiores conquistas profissionais: o convite para fazer parte da Semana de Moda Masculina de Paris, onde desde então tem sido presença habitual. Mas Hugo não é de deslumbramentos e por perceber que hoje não se sobrevive sem alguma polivalência, desdobra-se no atelier Hugo Costa, onde para além das coleções em nome próprio, ele e a sua equipa desenvolvem serviços para outras marcas, que vão do desenho de peças à fotografia e à produção de moda, trabalhos que coordena com o de professor no Modatex Porto.

“O ser professor ajuda-me a manter-me activo. O andar para a frente. Dou tanto quanto recebo”. E ainda tem tempo para algumas surpresas, como a de descobrir que umas sapatilhas de sua autoria, usadas pelo cantor will.i.am, estão em exibição no museu Madame Tussauds, em Londres. “Uma amiga ligou-me e disse. “O que estão as tuas sapatilhas a fazer no Tussauds?”. Eu não fazia ideia. Foi uma grande surpresa”.

Cartão Do cidadão

Família Casado com Carmo Amorim, tem dois filhos: Alice, de 5 anos, e Luís, de 7, que herdou do pai o fanatismo pelo FCP Formação Licenciado em Design de Moda e Têxtil pela Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco Casa Apartamento em São João da Madeira  Carro Ford Focus Carrinha, para levar a família toda Portátil Mac Book Pro Telemóvel iPhone X Hóbis Quando não tem o joelho lesionado, como de momento, joga à bola, faz corrida e anda de bicicleta

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