Hélder Brito
“A Inimigo tem muito potencial. Temos de fazer dela uma marca a sério”
Hélder Brito
T1 Setembro 2015
Emergente

Jorge Fiel

Hélder Brito
“If opportunity doesn’t knock, build a door”

O empresário da Pure Cotton tem 34 anos e a missão de construir e desenvolver a marca Inimigo Clothing. Gosta de fazer kitsurf e viajar

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oi em agosto de 2014. Estreava-se na Magic, em Las Vegas, num stand não particularmente bem localizado (“Era quase dentro da casa de banho”), quando uma chuvada torrencial de sorte desabou sobre ele. Os compradores eram como moscas, uns atrás dos outros, a encomendarem 100 mil dólares de t-shirts e polos da marca Inimigo. Para já não falar no imenso buzz gerado. A porta para o sucesso estava aberta.

“A Inimigo tem muito potencial. Temos de fazer dela uma marca a sério”, conclui Hélder Brito, 34 anos, que regressado ao Minho, logo começou a construir a marca: contratou um vendedor (Simão Soares), comprou uma carrinha Mini bege, pintou-a com a imagem da marca, e abriu uma loja na rua Afonso Henriques, em Braga.

A Inimigo Clothing não foi pensada para ser uma marca de sucesso, mas antes como uma resposta a uma necessidade. A Pure Cotton, que Hélder fundara com dois antigos clientes (Rui Costa e Rickie Madsen), vivia de fazer private label – e, para levar às reuniões com potenciais clientes, precisavam de amostras que não fossem peças feitas para outras marcas. Não é Gastão quem quer, mas apenas quem está preparado para o ser. Ora ele estava preparadíssimo para receber a sorte que soube merecer, pois cresceu dentro dos teares da tecelagem que o pai, Joaquim Carvalho de Brito, fundara em Barcelos.

Mal começou o 10º ano, num Externato em Braga, passou a repartir o tempo entre as aulas, que lhe ocupavam as manhãs, e a fábrica, onde passava as tardes a aprender com os afinadores todos os segredos das malhas. Quando ia com a mãe às compras a uma loja da Zara, entretinha-se a tocar as roupas para adivinhar se eram de algodão, linho ou poliester – e em que percentagens. E como se desenrascava bem em línguas, francês e em inglês, desde os 14 anos passou a acompanhar o pai, como interprete particular, nas duas visitas anuais à Première Vision. Ainda chegou a matricular-se em Economia, mas nunca mais lá pôs os pés. A cadeira de sonho dele era o negócio da família. O facto de, na viragem do milénio, o pai ter decidido vender a fábrica e reformar-se, não passou de um contratempo.

Tinha 20 anos quando arrancou com a sua primeira empresa. Comprava fio, subcontratava a tecelagem e vendia as malhas. A coisa correu bem até que o seu único cliente resolveu passar a comprar directamente aos fornecedores de Hélder, que ficou dependurado. Aprendeu a lição e passou a vender as peças já acabadas, não a um mas a dois clientes. Até que em 2011 tiveram o feliz ideia de juntarem os três (ele e os clientes) os trapinhos na Pure Cotton.

Las Vegas foi o jackpot num negócio que cresce a um ritmo avassalador – vendas saltaram de 840 mil euros, em 2012, para 4,4 milhões em 2014.  No final deste ano, a Inimigo só deverá pesar 20% na faturação de 5,5 milhões. Mas não tardará a valer metade. Em menos de um ano, a Inimigo Clothing evoluiu das t-shirts para o total look e já tem centenas de pontos de venda nos EUA, Japão e em oito países europeus. O céu é o limite para Hélder, que sabe que sorte é outra palavra para destino  – e ou fazemos o nosso destino ou estamos lixados.

Cartão Do cidadão

Família Divorciado Formação 12º ano (e 40 Première Visions) Casa Apartamento no centro de Braga Carro Porsche Boxster Portátil Mac Book Air Telemóvel iPhone Hóbis Kitesurf e viajar (a namorada queixa-se que ele anda mais de avião que o pai dela, que é comandante da Sata, e o irmão, que também é piloto) Férias Praia em Formentera (Ibiza) e neve em Iscghl (Áustria) Regra de ouro If opportunity doesn’t knock, build a door (frase pedia emprestado a Milton Berle)

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