Um sonho adiado
O plano de se tornar criadora de moda foi sendo adiado pelo sucesso na carreira académica
Filipa Moreira
T32 Maio 2018
Emergente

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Uma gravidez de risco
O médico obrigou-a a ficar três meses em casa e Filipa aproveitou para lançar as bases da Phi Clothing

Filipa Moreira é uma otimista que nunca desiste de perseguir os seus sonhos. Professora universitária, esta mulher de múltiplos talentos criou a Phi Clothing, uma marca de roupa para mães e filhas, durante a gravidez da Filipinha.

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ilipa é uma otimista incorrigível porque percebeu duas coisas: que não valia a pena ser pessimista e que o segredo da felicidade não é fazer sempre o que se quer – mas querer sempre o que se faz.

“Gosto tanto disto, tenho uma paixão tão grande pelo que faço, que não encaro isso como trabalho. Às vezes, quando estou a escolher um fecho, sinto-me tão entusiasmada como uma garotinha numa loja de brinquedos com um chupa chupa na mão”, confessa Filipa, nascida em Mortágua, 41 anos de vida, 17 de professora universitária de Economia, 13 de mãe e cinco de empresária – a idade exata de Filipinha, a sua filha mais nova, que é irmã gémea da Phi Clothing.

Criar uma marca de roupa para mulher era uma ideia fixa, um sonho que perseguia desde que era miúda e saboreava, página a página, as revistas Máxima, Elle e Marie Claire que a mãe assinava. E pessoa para desistir é coisa que ela não é …

Estava no 7º ano, acabadinha de entrar na adolescência (tinha 12 anos), quando anunciou solenemente à mãe que não gostava nada de Mortágua, uma terra demasiado pequena e fechada para as suas ambições, e que queria sair dali para fora o mais depressa possível.

Estudadas todas as hipóteses, concluiu que o passaporte seria escolher, no final do 9º ano, uma área que não existisse em Mortágua – no caso foi a área C, de administração e contabilidade, que dava acesso a Economia.

O plano de fuga resultou, e com 15 anos, em 1992, já a vemos em Coimbra, a viver num quarto alugado, a estudar na Avelar Botero (onde conheceu o José, que foi evoluindo de colega de turma para namorado, marido, pai dos seus filhos e sócio), e o futuro próximo desenhado régua e esquadro: mal acabasse o 12º iria para Lisboa fazer Design no IADE.

Acabou por continuar em Coimbra a estudar Economia, porque a mãe a convenceu a fazer “um curso que lhe garantisse futuro” antes de se entregar a esses devaneios do Design, disciplina que em Portugal, em meados dos anos 90, ainda era injustamente subestimada.

Pôs o seu sonho entre parênteses e fez, com uma bela média (sempre muito foi boa aluna), um curso que não adorou e de tinha ficado prisioneira por causa do plano de evasão da Mortágua. No final, ganhou os seus primeiros dinheiros como professora de Economia no Pólo de Viseu da Católica (onde ainda se mantém), enquanto aproveitava o mestrado para se apetrechar com conhecimentos que lhe seriam úteis quando pudesse concretizar o sonho de se tornar criadora de moda.

“Escolhi como tema  a internacionalização do setor do vestuário porque era uma oportunidade para aplicar os modelos teóricos que estudara à área que mais interessava”, explica Filipa, que no âmbito do mestrado analisou os casos Inditex, Lanidor e Maconde, entre outros.

O doutoramento foi o passo seguinte, obrigatório para quem ganha a vida como professora universitária e tem de cumprir a liturgia e ritos da carreira académica. Resultado: atravessou a primeira década do século numa louca correria, entre um doutoramento em Madrid, aulas em três sítios (Viseu, Aveiro e Coimbra), e o papel de mãe dos seus dois primeiros filhos.

“Experimentei uma sensação fantástica de liberdade quando conclui o doutoramento. Finalmente ia ter tempo para mim e férias de verão”, recorda. Mas não demorou muito a voltar a andar a correr de um lado para o outro: Até porque em 2013 está novamente grávida, da Filipinha, que por um daqueles acasos em que a vida é fértil acabou por ser o gatilho que proporcionou a concretização do sonho de ter uma empresa de moda.

Como se tratava de uma gravidez de risco, o médico obrigou-a a passar os três meses finais a repousar em casa. Ora, como ela não estava habituada a estar sem fazer nada, ocupou esse tempo a preparar o lançamento da Phi Clothing, uma marca de roupa para  não só para as filhas mas também para as mães (mini me ou mix and match).

“Durante aqueles três meses afinei o conceito da marca, defini o modelo de negócio e desenhei as primeiras peças. A Filipinha e a Phi Clothing nasceram ao mesmo tempo”, conclui Filipa Moreira, uma mulher de pelo menos quatro instrumentos, (professora, criadora, empresária e mãe) –  e uma otimista que nunca desiste de perseguir os seus sonhos.

Cartão Do cidadão

Família Casada com José (sócio e marido), têm três filhos: Gonçalo, 12 anos, Duarte, 10, e Filipa, cinco Formação Licenciada em Economia pela Universidade de Coimbra (onde também fez o mestrado) e doutorada pela Universidade Rey Juan Carlos (Madrid) Casa Moradia em Coimbra Carro Mercedes GLC Portátil Asus Telemóvel iPhone X Hóbi Viajar Férias Faz sempre 15 dias em Marbella e uma grande viagem com família toda. O ano passado andaram por Itália. Este ano, hesitam entre os Estados Unidos, Grécia e Marrocos Regra de ouro O que importa é ser feliz, nunca desistir e ir ser atrás dos nossos sonhos

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