T16 Janeiro 2017
Dois cafés & a conta

Texto Jorge Fiel

Parar é morrer
A Coltec está a investir dois milhões de euros em equipamento e na mudança para novas instalações
Super-Homem
O fato de Super-Homem é invulnerável mas, o pijama da Coltec não lhe fica nada a dever
Paulo Neves

Paulo Neves, tem 60 anos e é o CEO da Coltec. Fundou a empresas nos anos 80 e desde então nunca mais parou de investir.

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kriptonite anula os poderes ao Super Homem. Paulo Neves e sua Coltec têm precisamente o efeito contrário ao da kriptonite, pois conferem superpoderes aos tecidos em que trabalham na sua fábrica em Guimarães, aplicando-lhes membranas e revestimentos, para benefício de clientes de áreas tão diversas como a têxtil, confeção, saúde, proteção ou automóvel.

O fato do Super Homem é invulnerável, mas o pijama que a Coltec apresentou na Techtextil não lhe fica nada a dever, pois com o tratamento hidratante e antibacteriano a que foi sujeito torna muito mais confortável o dia-a-dia dos acamados de longa duração.

O Super Homem tem uma capacidade inaudita de inspirar e expirar enormes quantidades de ar e emite energia solar com os olhos, mas a Coltec, na sua qualidade de líder nacional no fornecimento de serviços de laminação têxtil em diversas técnicas (incluinda a trilayer, em que foi pioneira), garante aos tecidos superpoderes não menos significativos, como a regulação térmica, impermeabilidade e a respirabilidade, bem como a capacidade de repelir mosquitos ou óleos, cortar o vento ou retardar a propagação do fogo.

Apesar de dispor de visão raio X, o Super Homem experimentaria enormes dificuldades em distinguir o couro velho e as peles de crocodilo e cobra das suas imitações em tecidos tratados pelas máquinas da Coltec.

Substituir o couro pela cortiça é o mais recente e sexy projeto da Coltec, desenvolvido pelo seu departamento de inovação, onde trabalham quatro engenheiros (dois de Química Têxtil, um de Polímeros e outro de Produção).

“A cortiça tem as mesmas características que o couro. Além disso, é mais leve, à prova de água, um produto sustentável e 100% ecológico. Só nos falta um parceiro para levar para a frente este projeto, que tanto pode ser utilizado na indústria de confeções como na de calçado”, explica o CEO da Coltec, que emprega 40 trabalhadores e faz um volume de negócios de cinco milhões de euros, dos quais 40% correspondem a exportação direta (valor que sobe para 95% se lhe acrescentarmos a exportação indireta).

Paulo Neves escolheu almoçarmos no Torres, onde petiscou um dos seus pratos favoritos (Amêijoas à Bulhão Pato), antes de comer o cabrito acompanhado apenas por verduras e empurrado por um dos seus brancos preferidos – um blend de Alvarinho e Trajadura, da região de Monção e Melgaço, assinado por Anselmo Mendes.

A Coltec está a apostar na tecnomoda (o cruzamento da tecnologia com a moda, segmento onde surpreendeu com a apresentação de um vestido de cortiça dourada) e da saúde, onde tem tido bastante sucesso com os seus protetores de colchão esterilizados, impermeáveis, antibacterianos ou com retardamento de fogo, destinados a hospitais, residências geriátricas ou hotelaria.
“O caminho para o futuro é cada vez mais técnico. Não podemos nunca parar de investir em inovação, desenvolvimento de novos produtos e em máquinas mais modernas e com maiores larguras. Parar é morrer”, conclui o CEO da Coltec que está a investir dois milhões de euros em equipamento e na mudança para novas instalações, com uma área coberta de seis mil m2 (mais do dobro das atuais), operação que estará concluída até ao Verão.

Perfil

Nasceu e cresceu em Vizela, filho de uma mãe doméstica e um pai vendedor de borrachas. Mal acabou o liceu, em Guimarães, partiu para Inglaterra, onde estudou Marketing na London Technical School. “Sentia que tinha feitio para comercial”, explica. Quatro anos depois, no dealbar dos anos 80, regressou ao Minho fluente em inglês, com mais mundo e a cabeça aberta a novos projetos, o que ajuda a compreender porque logo se aventurou a criar a Neves & Cia, hoje mais conhecida pela sua marca (Coltec). 1981 foi um ano de viragem - fundou a empresa em abril e casou em outubro. Mas o momento decisivo na sua vida só aconteceria cinco anos depois, quando se tornou industrial. A partir daí nunca mais parou de investir em equipamento e tecnologia. Portista e caçador, vive em Santo Tirso, é casado e tem dois filhos (Paulo, 34 anos, e José Eduardo, 31) que já trabalham com ele

RESTAURANTE
Torres

Avenida D.Afonso Henriques

4760-400 Vila Nova de Famalicão

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