T0 Agosto 2015
Dois cafés & a conta

Jorge Fiel

UBI
Gostei muito da Covilhã. Tinha um ambiente académico muito bom. E o curso era muito prático
Inovação
Há cada vez mais empresas a trilharem o caminho da inovação tecnológica
Hélder Rosendo

O subdiretor geral do Citeve tem 47 anos e é engenheiro têxtil (UBI). Viveu em Buenos Aires, Maputo, Portimão e Covilhã antes de deitar âncora no Minho - tem casa em Braga e trabalha em Famalicão

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le está otimista e tem razões para isso, principalmente depois de, em maio ter visto duas empresas, do mais tradicional que há no setor, apresentarem na TechTextil, em Frankfurt, produtos tão à frente como tecidos técnicos para combate aos fogos (Penteadora) e cortinados com iluminação led incorporada. “Não há estatísticas, mas a subida exponencial da participação de portugueses em feiras internacionais especializadas em têxteis técnicos é a prova dos nove de que há cada vez mais empresas a trilharem o caminho da inovação tecnológica”, afirma Hélder, um missionário que não se cansa de pregar a urgência das empresas subirem na escala de valor e terem como catecismo a criatividade e inovação. Os exemplos da Penteadora e da Penedo chegam para o deixar com a cara iluminada por um sorriso, pois provam que há cada vez mais empresas convertidas e que a mudança não só é possível como está já a acontecer a bom ritmo. Provam também que já passou fase em que os têxteis técnicos podiam ser olhados como uma modernice ou nuvem passageira. Com os anos de confirmação que levam, estão já a entrar na idade da maturidade.

O Citeve é um mundo em que o conhecimento e o futuro são conjugados em todas as vertentes, onde coabitam investigação e desenvolvimento de novos produtos, ensaios e testes laboratoriais, certificação, consultadoria, design, marketing – mas também formação. No dia em que almoçou arroz de garoupa no Torres, a principal preocupação de Hélder era tratar dos acabamentos da Academia Citeve, um projeto que apresentou publicamente nessa semana e concentra toda a oferta do centro na educação e formação. “A Academia contempla uma bolsa de emprego, deixa mais clara a oferta que temos para as empresas e reposiciona a nossa missão nesta área que passa a ser cultivar o talento na indústria têxtil”, explica Hélder, um nómada que nasceu em Buenos Aires e viveu e estudou entre Lourenço Marques, Rio de Janeiro, Portimão e a Covilhã. “Gostei muito da Covilhã. Tinha um ambiente académico muito bom. A maioria do pessoal da Universidade era de fora, estava lá desterrado. Fiz  grandes amizades. E o curso era bom e muito prático. Nas aulas, andávamos sempre debaixo das máquinas nas oficinas, com as batas cagadas de óleo.”, recorda Hélder, que passou 17 anos na Covilhã, o maior período de uma vida que demonstra a importância dos acasos. Foi por acaso que, em viagem para Buenos Aires, o pai, Fernando (um jovem engenheiro algarvio que atravessou o Atlântico entusiasmado por ir integrar a equipa de Óscar Niemeyer que construiu Brasília), conheceu, numa estação em Montevideu, e se apaixonou perdidamente pela mãe, uma professora primária argentina. Foi quase por acaso que Hélder se tornou engenheiro têxtil, pois na altura de se candidatar à universidade a UBI foi a terceira opção, atrás de Engenharia de Materiais (Técnico) e Gestão Industrial (Nova de Lisboa). A vida tem destas coisas. Afinal também é por causa de um acaso que o Boca Juniores, o clube argentino de que ele é hincha (o português é o FC Porto), equipa de azul e amarelo. Os fundadores não se entendiam, pelo que o presidente sugeriu que fossem até ao Porto e adotassem as cores do primeiro navio que entrasse. Foi um barco sueco…

Perfil

Engenheiro têxtil pela UBI, Hélder Rosendo, 47 anos, fez o curso e o estágio na Covilhã, onde se fez homem, começou a trabalhar no Citeve, casou com Madalena (também ela engenheira têxtil), teve os seus dois filhos (Martim, 14 anos, e Alice, dez) e viveu na Covilhã até que há dez anos aceitou substituir temporariamente Braz Costa e mudou para Famalicão o centro de gravidade profissional, deitando âncora com a família em Braga, onde dispunha de uma rede alargada de amigos. Antes de sonhar ser engenheiro, ainda lhe passou pela cabeça tornar-se músico. Aliás foi a cantar e tocar guitarra nos bares (com um repertório onde abundavam cores dos Trovante, Gilberto Gil e Alcione),que, aproveitando as férias grandes do liceu, em Portimão, juntou o dinheiro para comprar uma Casal, com duas velocidades.

RESTAURANTE
Torres

Avenida D.Afonso Henriques 681 4760-363 Calendário Famalicão

Pão, água 1 litro, presunto de porco preto, arroz de garoupa, filetes de polvo, Valado branco e 2 cafés

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