UM NOVO MUNDO
T51 - Março 2020

Augusto Lima

Vereador da Economia, Empreendedorismo e Inovação na Câmara de Vila Nova de Famalicão
E

stamos a viver um novo mundo. Incerto, desconhecido e inseguro. Ninguém sabe o que vai acontecer, ninguém sabe o caminho certo, ninguém conhece o futuro.

Ouvimos várias opiniões. Em termos económicos, de reconhecidos especialistas a comentadores, várias previsões têm sido apontadas: crise económica profunda, pior do que 2008-2009; crise económica profunda mas com recuperação mais rápida; tsunami no crescimento e no emprego. Não tendo a pretensão de entrar nesta discussão, mais ou menos fundamentada, quero apenas passar a visão de um território que se autodenomina Cidade Têxtil, que possui mais de 15 mil empresas (85% das quais pequenas e micro), contabiliza mais de 50 mil trabalhadores e exporta mais de 2 mil milhões de euros.

Focando então a análise na Cidade Têxtil que é Famalicão, o desafio é brutal. Nada a que este setor não esteja habituado, vários que foram já os momentos em que foi posto à prova, tendo sempre, felizmente, sabido sobreviver e ajustar-se. Neste momento, a palavra de ordem é incerteza. A maioria das empresas continua a procurar laborar, mas com grande indefinição relativamente ao futuro.

Mas já se verificam situações em que as encomendas começam a diminuir ou a ser canceladas, provocando angústia e indefinição relativamente ao futuro a curto prazo. Não se pode esquecer que a maioria das empresas exporta e, sendo este um problema global, não chega apenas controlar o surto a nível nacional. É preciso que o controlo seja europeu e mundial.

Algumas empresas estão a reconverter os seus processos produtivos para equipamentos de proteção individual, de modo a contribuírem para acudir às necessidades imediatas do Sistema Nacional de Saúde e das instituições de solidariedade social. Sendo a este nível uma oportunidade, é de saudar a iniciativa das associações setoriais e do CITEVE, que estão a constituir uma bolsa de empresas que, de uma forma agregada e integrada, possa dar rápida resposta às falhas de mercado existentes.

O tecido empresarial está a reagir com alguma inquietação às medidas que estão a ser anunciadas pelo Governo. Dúvidas são muitas. Questões laborais, de acesso ao crédito, de financiamento por parte do Estado e de obrigações fiscais são alguns. Restam poucas dúvidas que serão necessárias mais medidas. A Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, através do Gabinete Famalicão Made IN, e no âmbito das suas competências, criou uma linha de apoio, constituindo um verdadeiro e forte front office para fazer face às inúmeras dúvidas que assolam as empresas.

Está também a servir de plataforma de contacto entre empresas para dar respostas às necessidades produtivas urgentes. No âmbito do seu ecossistema económico, estudam-se ainda medidas ao nível do emprego, novos modelos de negócio, qualificação, inovação e financiamento, que complementem as medidas nacionais e respondam às caraterísticas específicas do território.

O novo mundo está a chegar. Com determinação, coragem e criatividade, certamente conseguiremos ultrapassar este enorme desafio. A Cidade Têxtil vai ser diferente, mas, com a união e articulação entre todos os agentes, vai saber resistir e reinventar-se. Estamos certos que Famalicão continuará a ser o lugar do têxtil.

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