Têxteis técnicos, a caminho do futuro
T31 Abril 2018

Carla Silva

Diretora de Tecnologia do CeNTI
É

com grande satisfação que assisto diariamente ao aparecimento de soluções têxteis inovadoras para várias aplicações, desde saúde, desporto, setor automóvel e proteção individual.

Estas soluções inovadoras recorrem a variadíssimas técnicas e tecnologias, indo desde as fibras de elevado desempenho capazes de atuar como sensores/atuadores, às estruturas têxteis complexas e ativas, até à utilização de processos inovadores de ultimação e acabamento (por exemplo pela impressão direta de sensores e/ou atuadores e pela funcionalização com nanomateriais e agentes ativos), que lhes permite uma complexidade e acima de tudo, um desempenho acrescido para as aplicações específicas onde estas estruturas têxteis estão inseridas.

É também com agrado que verifico que apesar de serem utilizadas diversas abordagens tecnológicas para o desenvolvimento das soluções têxteis, a sustentabilidade ambiental e social dessas abordagens e consequentemente do produto final resultante é um denominador comum. De facto, existe hoje uma preocupação genuína com a inocuidade das soluções obtidas para o meio ambiente e para a sociedade envolvente. A preocupação de quem desenvolve e de quem comercializa estas soluções inovadoras já não está apenas centrada na inocuidade para o utilizador (que é obrigatória), mas também na mitigação dos possíveis impactos negativos sociais e ambientais que poderão existir durante a sua produção. A utilização privilegiada de matérias primas renováveis, de fibras biodegradáveis, de acabamentos de base natural e ecossustentáveis são cada vez mais as abordagens procuradas no desenvolvimento dos têxteis técnicos funcionais e inteligentes, em empresas com responsabilidade social e recorrendo cada vez mais a mão de obra qualificada.

Se por um lado esta preocupação com a sustentabilidade ambiental e social dos produtos desenvolvidos é estimulada pela legislação em vigor, por outro lado, tem sido as solicitações dos consumidores finais a ditar a importância da sustentabilidade dos produtos que adquirem. De facto, a aquisição de produtos ecossustentáveis já não é crítica apenas para um nicho de mercado, sendo cada vez mais um fator de ponderação e escolha por uma grande parte dos consumidores, aliado naturalmente ao preço, qualidade e estética dos produtos.

Esta questão será ainda mais relevante no futuro, e por esse motivo no CENTI temos tido a preocupação de utilizar metodologias de Ecodesign Thinking desde o inicio das nossas atividades de investigação e desenvolvimento, para evitar constrangimentos futuros e o desenvolvimento de soluções que apesar de serem inovadoras, poderão ter a sua aceitação no mercado comprometida por parte do utilizador final. Como parte da nossa estratégia de I&D, recorremos à nossa equipa multidisciplinar de investigadores, provenientes de variadas áreas de conhecimento (engenharia eletrónica, informática, física, materiais, polímeros, química, biológica, entre outras), para por um lado pensar em novos conceitos para os produtos em questão, em conjunto com os nossos designers, e por outro contruir protótipos funcionais, pela utilização de materiais e processos alternativos com melhores credenciais ambientais ou pela otimização dos processos de produção existentes, de modo a atuar sinergicamente no desenvolvimento de têxteis técnicos funcionais e inteligentes ecossustentáveis.

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