O Mundo mudou… outra vez
T15 Dezembro 2016

Paulo Vaz

Editor do T
O

mundo mudou…outra vez! E há um sentimento generalizado de que não é para melhor.

A geopolítica e a geoeconomia estão em processo de ajustamento, como placas tectónicas depois de sismos consecutivos, prometendo mais movimentos telúricos e destruição da ordem conhecida.

Aquilo que parecia impossível há escassos meses atrás realizou-se para a nossa completa estupefação: a saída do Reino Unido da União Europeia (o “Brexit”) e a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos, permitindo pensar que a possibilidade de outros candidatos populistas e de extrema-direita possam vir a ganhar eleições em países da União Europeia, como pode ser o caso da Áustria ou da França, é cada vez mais certa. É um terreno desconhecido e extremamente desconfortável, pois o passado já nos revelou o que de pior da natureza humana pode trazer, cavalgando o desespero e inconsciência dos cidadãos, acabando sempre em indizível sofrimento e em massiva destruição de vidas e bens.

O que está a suceder não é bom para o negócio, para qualquer negócio, incluindo o da Indústria Têxtil e Vestuário portuguesa.

Depois de anos a recuperar, apostando numa estratégia certa, abandonando a competitividade perdida pelo custo para agarrar a diferenciação pelo valor, fazendo crescer volume de negócios, exportações e emprego, a ITV nacional está perante o desafio de uma retração da globalização e pelo regresso ao protecionismo em muitos mercados de grande expressão e potencial para as iniciativas de internacionalização das nossas empresas.

Não sei o que aí vem, como, provavelmente, ninguém sabe. Como em tudo que é determinante na vida, devemos estar sempre à espera do melhor e preparados para o pior dos cenários.

A ITV portuguesa é um exemplo global de resiliência e tenacidade, porque esta sabe adaptar-se como poucas outras. O segredo dessa capacidade única de ajustamento tem a ver a qualidade das pessoas, dos empresários e dos trabalhadores, os quais, mais que tudo, acreditam no que fazem porque acreditam na sua própria vontade e no que esta produz.

Em tempos de incerteza, que estão irreversivelmente abertos, é esta cristalina constatação que nos faz crer, venha o que vier, que acabaremos por sair vencedores.

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