Barómetro positivo
T17 Fevereiro 2017

Paulo Vaz

Director-geral da ATP
A

Heimtextil, a feira plataforma de têxteis-lar, em Frankfurt, correu melhor do que as expectativas e o ano arranca, por isso, mais optimista.

Desde há muito que a primeira feira do calendário de mostras do têxtil, do vestuário e da moda, funciona como barómetro dos negócios relativamente ao ano que se seguirá. Ora a Heimtextil de 2017 teve um balanço particularmente positivo, sentimento partilhado pela generalidade das empresas expositoras, que, desta forma, querem repetir o bom desempenho de 2016, e até ultrapassá-lo.

Tudo isto vai em linha com os últimos dados sobre a exportação têxtil e vestuário nacional que, nos números fechados de Novembro último, voltou a recuperar uma forte dinâmica de crescimento, o que permite antecipar que, no ano transacto, os cinco mil milhões de euros de vendas ao exterior foram ultrapassados, cumprindo quatro anos antes um desígnio estratégico que estava apenas apontado para o final da década.

Há, pois, motivos para regozijo e para celebração. Está consolidado um sector diferente, mais moderno, mais tecnológico, mais assente no serviço e mais internacionalizado, portanto menos dependente das contingências do preço no mercado, pois o valor é algo sempre mais difícil em que concorrer.

Importa, contudo, não embandeirar em arco, pois o ano que aí vem – e mal começou – está repleto de incerteza, riscos e ameaças. O consulado Trump , o Brexit, a Turquia e Rússia, vão dominar a geopolítica e a geoeconomia mundial, assim como as eleições em França e na Alemanha determinarão o futuro da União Europeia: tudo forças movimentadas e circunstâncias geradas, relativamente às quais Portugal pouco ou nada pode fazer, apenas deixar-se levar pelo vento da tormenta e defender-se o melhor que pode da sua fúria.

Além disso, a situação política e económica nacional não apresenta sinais de alívio para 2017, pois a coligação governamental já não consegue esconder sinais de desentendimento interno, a que não são alheias as eleições autárquicas de Outubro próximo; o disparo dos juros da dívida pode produzir dificuldades acrescidas no crédito, se não mesmo, no limite, exigir novo resgate financeiro (com renovada austeridade), o que colocaria em causa todos os esforços realizados pelas empresas ao longo dos últimos anos.

Como é apanágio dizer-se, há que esperar o melhor e estar preparado para o pior. Pelo menos a Heimtextil deu-nos a clara mensagem que o melhor afinal pode estar para vir.

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