Aposta no valor e na rentabilidade
T27 Dezembro 2017

Paulo Melo

Presidente da ATP
O

balanço de 2017 é positivo. A ITV cresceu, especialmente nas exportações, mantendo a rota ascendente, mas sustentada, iniciada em 2009, e oito anos volvidos alcança um novo record absoluto de vendas ao exterior, batendo o melhor resultado, que vinha de 2001, só que, agora, com metade das empresas e efetivos, o que revela ganhos impressionantes de produtividade.

Na base desta trajetória positiva está a capacidade das empresas em resistirem às dificuldades, adaptarem-se às novas e adversas circunstâncias, reinventando-se, seguindo novos “drives” e apostando nos fatores críticos de competitividade, como a moda, o design, a inovação tecnológica e a intensidade de serviço, em que se destaca a logística avançada.

Só assim foi possível criar a diferenciação e fugir à concorrência destrutiva do preço, enfatizando vantagens comparativas como a proximidade ao cliente, a flexibilidade e a rapidez de resposta. A nossa ITV detém o “lead time” mais curto do mundo o que é nuclear para produtos de nicho, altamente valorizados no novo e dominante modelo fast fashion do negócio.

Está cumprido um ciclo de crescimento e recuperação, enfrentamos agora um outro de consolidação e aposta no valor e na rentabilidade.

Em 2018 já será isso que presidirá, por certo, às prioridades das empresas, assim como aquilo que enformará a construção de uma estratégia até 2030, que a ATP assumirá a responsabilidade de construir, tal como o fez, com assinalável sucesso, desde 2014 e com o horizonte em 2020, antecipando objetivos.

Há, contudo, que sublinhar que não deveremos ser complacentes, pois as ameaças que se desenham para 2018 e anos seguintes são diversas das que temos conhecido, mas não menores.

A conjuntura internacional não se encontra estável, pois diversas tensões geopolíticas e geoeconómicas ganham dimensão acrescida, não apenas na Ásia, mas igualmente na Europa, em que os fenómenos do separatismo britânico da União Europeia e da Catalunha da Espanha, são ainda de difícil avaliação em todas as suas consequências, em particular para o nosso sector, uma vez que são mercados particularmente importantes e podem enfrentar séria crise.

De igual modo, o crescimento económico de Portugal – já que em boa parte escorado numa conjuntura internacional muito favorável – poderá vir a enfrentar um súbito arrefecimento, pelo que é preciso estar atento.

Sem querer deixar de ser positivo face a 2018, pois acredito sempre nas capacidades, resiliência e imaginação do sector têxtil e vestuário português, há que ser ponderado, pois as ameaças multiplicam-se mais do que as oportunidades e não sabemos se as forças que temos serão capazes de anular ou superar as fraquezas que ainda resistem a serem neutralizadas.

Seja como for, aqui ficam os desejos de um feliz Ano Novo, pleno de prosperidade, pois a esperança é o único capital que, para nós, não se degrada com a passagem do tempo, sempre forte e renovada.

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