T33 Junho 18
Corte & costura

Júlio Magalhães

Formação de Excelência
As escolas de moda em Portugal estão de parabéns pelo ótimo trabalho que estão a desenvolver
Rita Bonaparte

Rita Bonaparte, 36 anos, é Coordenadora do PFN, concurso de jovens criadores Portugueses Fashion News e nos tempos livres gosta de passear com o filho, o Sebastião.

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er designer de moda foi um sonho de criança ou continua a ser?

Sonhei ser designer de moda desde que me lembro. Desde muito nova que adorava criar os fatos para as minhas tuchas e barbies. Entretinha-me muito a desenhar e brincar com meus croquis, perdia-me no tempo a envolver de forma criativa as minhas bonecas. Nunca tive dúvidas do que iria seguir e com o apoio a 100% dos meus pais, esse sonho tornou-se real. Não me imagino a deixar de criar, é algo que necessito como respirar e a minha ferramenta preferida para comunicar o que vai dentro do meu ser.

 

Com o que já sabes hoje, aconselharias um jovem estilista a procurar uma parceria com uma marca ou indústria, mesmo em prejuízo da sua colecção de autor?

Aconselharia sem dúvida a procurar uma parceria com uma indústria ou marca. Pela experiência que tenho é necessário uma estrutura muito consistente para uma coleção de autor ter sucesso a longo prazo. Numa primeira fase pode até atingir bons resultados, mas para um crescimento gradual é importante haver uma ligação com uma indústria ou uma empresa comercial bem implementada no mercado. Tem que haver cedências de ambas as partes e o sucesso está no equilíbrio das decisões em equipa.
No panorama actual de feiras internacionais qual feira (ou feiras) que consideras prioritário visitar para quem quer desenhar uma nova colecção? Porquê?

Das feiras que tive oportunidade de visitar a que a meu ver é prioritária para quem está a desenvolver uma nova coleção é sem dúvida a Première Vision. É uma feira que tem uma vasta oferta em todo o tipo de produtos e que envolve a moda numa dimensão bastante significativa. A Première Vision tem uma diversidade de produtos e empresas de qualidade nos tecidos, fios, peles, acessórios de todo o tipo. Também na manufatura e a nível da área de tendências é uma feira que prima pelo bom gosto e criatividade dos produtos que expõe.
Como coordenadora do Concurso de Jovens Designers do PFN, sentes que as nossas escolas estão a trilhar bons caminhos?

As escolas com formação de moda em Portugal estão definitivamente de parabéns pelo ótimo trabalho que estão a desenvolver. É fantástico e inspirador lidar com tanto talento e estar envolvida com o que se faz de novo e diferente nas várias escolas de moda portuguesas. A qualidade dos trabalhos tem vindo a melhorar, tanto a nível de ideias como a nível de apresentação de novas texturas, novos acabamentos e complementação dos coordenados.
Já desenhaste várias coleções de roupa mas também de sapatos. Qual é a que dá mais trabalho? E a mais estimulante? 

Sinceramente não consigo escolher, o trabalho é diferente e difícil de comparar. As coleções de vestuário têm mais provas e detalhes a serem pensados e discutidos até se chegar à peça no ponto certo, ao ponto de açúcar a nível de harmonia de preço, criatividade, forma e conforto. As coleções de calçado são trabalhosas a nível de desenhos propostos inicialmente e também na escolha de solas, formas e palmilhas. Mas sou uma amante do mundo dos trapos, e por isso talvez sejam as coleções de vestuário as mais estimulantes.

Perfil

Coordenadora do PFN, concurso de jovens criadores Portuguese Fashion News. Rita Bonaparte é também uma marca e adora desafios como estar ao mesmo tempo a criar calçado, equipamentos desportivos ou vestuário de segurança - “colocar a minha perspectiva de moda num produto é a minha forma de comunicar com o mundo”. Além dos passeios de bicicleta com o filho (Sebastião, 12 anos), gosta de correr, ouvir música e ver o pôr-do-sol.

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