T25 Outubro 2017
Corte & costura

Júlio Magalhães

Rafael Rocha
"Devido ao seu interesse público e à espetacularidade (...) o PF tem grande exposição mediática".
Rafael Rocha

Rafael Rocha é o diretor de comunicação da ANJE e, apesar de ser apaixonado pelas grandes metrópoles é no Porto que encontra o centro da sua geografia sentimental.

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bom momento da ITV ajuda a dar corpo à expansão internacional do Portugal Fashion (PF)?
Naturalmente que sim. Todavia, poderíamos colocar a questão ao contrário: de que forma a expansão internacional do PF contribuiu para o bom momento da ITV. Pois à revolução tecnológica operada na indústria somar-se-á a marca de água conferida ao made in Portugal em resultado do trabalho levado a cabo pelo PF nas duas últimas décadas.

O casamento entre a criatividade dos estilistas e a capacidade comercial e financeira da indústria é um casamento de conveniência ou uma paixão passageira?
É amor eterno. Conheceram-se porque alguém os apresentou sabendo que eram feitos um para o outro, deram relutantemente os primeiros beijos mas logo caíram numa paixão torrencial e hoje, apesar de um ou outro arrufo, vivem um amor sólido, quase idílico. Deixando as metáforas, mais do que o interesse mútuo de juntar a competitividade da indústria ao sentido de moda dos criadores há uma relação sinérgica que ambas as partes valorizam.

É mais difícil lidar com jornalistas, modelos, estilistas ou empresários?
Felizmente, não temos problemas de relacionamento com nenhum desses grupos. Conhecemos as suas idiossincrasias, interesses e expectativas e, considerando a missão da ANJE, temos o dever de ir ao encontro dos seus anseios.

É boa ideia usar o glamour do PF para outras áreas da nossa economia?
Devido ao seu interesse público e à espetacularidade intrínseca à moda, o PF tem grande exposição mediática. Essa mediatização serve não apenas os objetivos de notoriedade do evento, mas também os da ANJE – e consequentemente das suas restantes atividades e iniciativas.

Tens saudades dos tempos das Top Models ou agora é mais fácil reparar mais em cada coleção que desfila?
A estratégia de recorrer às top models para promover o PF foi bem sucedida e fazia todo o sentido naquele contexto, dada a incipiência do evento e a dinâmica da moda internacional, que muito valorizava as top models. Hoje, os protagonistas dos desfiles são os criadores/marcas e as suas coleções, sem demérito para os manequins.

No final da cada viagem sabe bem regressar ao Porto, ou por ti, ficavas a viver noutra capital de moda qualquer?
Cidades como Nova Iorque, Paris ou Londres são fascinantes e para quem, como eu, gosta de grandes metrópoles vibrantes de cultura, sofisticação e cosmopolitismo é, de facto, uma tentação lá ficar. Mas o Porto é hoje uma cidade igualmente cosmopolita, fervilhante e criativa, com a vantagem de ser o centro da minha geografia sentimental. Por isso, é sempre bom regressar a casa, percorrer “o caminho familiar da saudade/pequeninas coisas me prendem/uma tarde num café, um livro”, citando Manuel António Pina.

Perfil

Diretor de Comunicação da ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários nasceu em Paços de Brandão (Santa Maria da Feira). Solteiro, sem filhos. Licenciado em Comunicação Social pela Universidade do Minho, com pós-graduação em Gestão, e Curso de Liderança na Academia Militar.

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