T37 Novembro 18
Corte & costura

Júlio Magalhães

Portugal na vanguarda
"Hoje em dia já somos um país de lifestyle, moderno e rico na dicotomia entre inovação e tradição"
Mónica Neto

Mónica Neto, a Porta-voz do Portugal Fashion, acredita que a moda portuguesa é sinónimo de criatividade e diferenciação e a indústria nacional têm já uma imagem reconhecida de valor acrescentado, desde o design à confecção.

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uais são as principais dificuldades de ser a nova porta voz de um projecto com a envergadura e o historial do Portugal Fashion?

Confesso que não consigo encarar esta novidade do ponto de vista das dificuldades, mas apenas numa ótica de desafio com responsabilidade acrescida. Há um capital de confiança por parte de toda a equipa e um sentimento de forte motivação em torno da estratégia que estamos a desenhar. Além disso, sempre me identifiquei com o ADN da marca, falamos a mesma linguagem, o que me leva a reforçar a expectativa de estar à altura desta nova missão.

O desfile das duas marcas do Grupo Textil Cães de Pedra na ultima edição foi uma aposta nova num local inédito. Qual é o balanço desta primeira vez?

Muito positivo. O Portugal Fashion conseguiu algo inédito e surpreendente: promover dois desfiles, com a garantia de qualidade e profissionalismo da fashion week, no coração do Grupo Têxtil Cães de Pedra. As instalações são fantásticas, a reação do público foi muito boa e o Portugal Fashion somou pontos na promoção efetiva da indústria, do made in Portugal e da capacidade de afirmação de marcas nacionais de qualidade, com potencial comercial e valor económico inequívoco.

Habituada a acompanhar os nossos criadores nas fashion week de todo o mundo, qual é a percepção que tem do reconhecimento internacional da moda made in Portugal no momento actual?

É uma perceção de valor acrescentado desde o design à confeção. A imagem do país produtor já não prevalece e o “made in Portugal” é hoje sinónimo de criatividade e diferenciação. É uma imagem indissociável do que somos hoje: um país de lifestyle, moderno e rico na dicotomia entre inovação e tradição.

Nas ultimas edições vários valores emergentes deixaram o Bloom para se apresentarem na passerelle principal do Portugal Fashion. Sente que nomes de novas estrelas como Inês Torcato , Nicole , Sara Maia ou David Catalan são apostas ganhas?

Sem dúvida. Diria que o primeiro case study foi o de Hugo Costa, designer que nasceu no Bloom, ascendeu à passerelle principal do Portugal Fashion e acabou por conquistar a Federação Francesa e um lugar no calendário oficial da semana de moda masculina de Paris. A partir daí, o Bloom comprovou o seu papel de incubadora e aceleradora de talento e a afirmação de nomes emergentes no ecossistema moda português é sinal de que a máquina está a funcionar.

Sophia Kah e os Marques d’Almeida foram duas grandes novidades na última edição. Na senda do Filipe Oliveira Batista o Portugal Fashion quer aproveitar também os nomes que despontam no estrangeiro para que nada se perca neste processo de internacionalização da moda portuguesa?

O Portugal Fashion acredita que o seu apoio promocional pode ajudar a escalar negócios que nasceram globais, mas que são na essência empresas nacionais e, sobretudo, que são 100% made in Portugal. São também bons exemplos de como a fileira moda portuguesa consegue conciliar design moderno e sofisticação estética com produção de qualidade, capacidade comercial e gestão de marketing.

Como define o apoio dos fundos comunitários a estas acções de imagem e apoio à promoção internacional da moda e textil nacionais?

O contributo do Compete 2020, com verbas do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, é fundamental para dar ao projeto a capacidade financeira que nos permite cumprir a missão institucional de criação de valor para a Fileira Moda. A maior disponibilidade financeira permite-nos apoiar mais substantivamente a internacionalização de criadores e marcas.

Perfil

Porta-voz do Portugal Fashion, logo no final do curso de Ciências da Comunicação Mónica Neto teve que antecipar o estágio curricular na ANJE para dar apoio no Portugal Fashion 2007. Um caminho que se mostrou até hoje sem retorno e que a faz sentir-se cada vez mais envolvida no ecossistema Moda. Work hard, enjoy hard é uma espécie de lema de vida, mas confessa que a proporção está a ficar muito desequilibrada com cada vez mais trabalho e menos diversão.

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