onsideras-te o jovem estilista mais veterano da moda portuguesa?

Antes pelo contrário, acho que sou o veterano mais jovem da moda portuguesa!

A ligação à indústria que sempre te caracterizou alguma vez limitou a tua criatividade?

Não, nunca me senti limitado. Aliás sempre foi um desafio ainda maior à criatividade.  A globalidade dos mercados, os conceitos, a competitividade das marcas concorrentes e a necessária inovação constituem por si só um grande estímulo criativo.

Um designer pode sobreviver em Portugal apostando apenas no figurino da coleção de autor?

Pode, desde que cumpra os seguintes requisitos: não ser muito exigente na marca dos produtos de supermercado, não pagar renda de casa ou financiamento, utilizar a rede pública de transportes, jantar fora uma vez por mês.

Como é que um “leão” cria uma marca como a Lion of Porches com a cor vermelha?

Leão sim, mas realista! Apesar do leão da “Lion of Porches” ser vermelho, tento sempre pôr a coisa um pouco de acordo com a tendência desta estação, que obviamente acredito que seja mais para o esverdeado – que me perdoem os adeptos das aves e das criaturas mitológicas;-)

A tua filha Inês também já dá os primeiros passos como designer na moda. Filha de peixe nada sozinha?

Sempre fizemos questão que nadasse! Aliás, eles hoje, neste país, logo que nascem já têm que ter barbatanas.

Venceste a primeira edição do Fashion Film Festival porque a vida para ti é um filme de sucesso?

Talvez, mas como em todos os bons filmes a vida precisa de um bom argumento, uma boa realização e uma boa equipa de produção.

Qual é o perfil da coleção que falta produzir em Portugal para fazer a diferença no mercado internacional?

É a coleção que alie criatividade, qualidade, diferenciação, posicionamento e adequação ao mercado, e que consiga unir num só projecto sustentado um bom designer com a melhor indústria de confecção que se faz em Portugal e com uma ideia inovadora de distribuição.

Ainda é verdade que os estilistas nacionais só fazem roupa para eles e para os amigos?

Na maior parte dos casos, sim, mas com algumas boas excepções.