T35 Setembro 18
Corte & costura

Júlio Magalhães

Moda democrática
"O número de pessoas preocupadas em vestir bem e com qualidade aumentou"
Ione Rangel

Ione Rangel, a influenciadora brasileira que vive no Porto há uma década, combina o seu trabalho como blogger com a rubrica Tendências, no Olá Maria do Porto Canal.

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omo é que decidiste tornar-te uma blogger da moda?

Sempre fui ligada à moda, desde criança acompanhava minha tia estilista, Vera Arruda, no seu atelier em São Paulo, onde desenvolvia suas colecções. Envolvia-me em todo o processo e conheci mulheres inspiradoras que ela vestia comoAdriane Galisteu, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Sandy, Hebe Camargo e tantas outras que servem como referência de elegância e estilo para mim até hoje.

A tua actividade é mais jornalismo ou mais influência? Mais reportagem ou mais opinião?

No Instagram, vemos a moda de maneira pontual e muito visual, já nas revistas de moda é uma versão conceitual. Com meu instablog, a minha actividade é mais influência e opinião, os seguidores vão buscar referências e adaptar para a vida real. Tento ser fiel ao meu estilo, seleciono os parceiros e marcas que trabalho com cuidado e busco sempre temas interessantes para comentar nos vídeos e passar informação de moda através das imagens.

Profissões como a tua aumentam o número de fashion victims ou apenas as ajudam a sobreviver com menos ansiedade?

Moda é sobretudo reflexo do comportamento e o marketing de influência tornou-se mais importante do que nunca. Hoje é fácil estudar os hábitos das pessoas para antecipar suas necessidades e, consequentemente, vender-lhes os seus objetos de desejo. Com tanta informação aumentou o número de pessoas preocupadas em vestir bem, com qualidade. Tento desmistificar a moda, mostrar que é fácil ter uma boa imagem ajudando as pessoas a sobreviver com menos ansiedade.

Achas que as marcas de moda estão mais preocupadas com os gostos dos consumidores ou apostadas em os condicionar e profissões como a tua são um instrumento novo desse marketing?

Acredito que estão preocupadas com os gostos dos consumidores, com a exposição em redes sociais as marcas que defendem também causas sociais e preocupam-se com o meio ambiente. Essas empresas percebem a importância das parcerias com microinfluenciadores, que têm maior alcance segmentado e que dialogam com um público específico. Quando sou contratada especificam a quantidade de stories (vídeos) que pretendem, permitindo um contato próximo com o público.

Costumas visitar feiras profissionais de moda para te pores a par das tendências, ou só te interessam as tendências que detetas no streetwear?

As feiras são importantes fontes de pesquisa de tendências. Frequento as principais semanas de moda, nacionais e internacionais e claro, com o streetstyle também me inspiro.

Nos desfiles houve quem tentasse o see now, buy now. O que pensas desse aparente fracasso?

O see now, buy now funcionou para marcas que desenvolveram estratégias e campanhas para as ferramentas sociais (como Instagram, YouTube) para atrair o público. Faz todo o sentido que a coleção que está a ser exibida nas redes sociais seja coerente com a que está à venda na loja. Na minha opinião não é um fracasso total, depende muito da estratégia desenvolvida pela marca para aquela campanha específica.

Perfil

Blogger e styliste, Ione Rangel gosta agora de se apresentar também como mãe da Elena. A influenciadora brasileira que vive no Porto há uma década vê o seu blog (ioneomena.com) como um guia de estilo sem igual e por entre dicas para compras nas grandes capitais da moda, restaurantes sofisticados ou destinos exóticos, ainda arranja tempo para apresentar a rubrica Tendências, no Olá Maria do Porto Canal.

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