T16 Janeiro 2017
Corte & costura

Texto de Júlio Magalhães

Cláudia Nair Oliveira
«As Marias adoram a moda e vestir-se de novas "roupas".»
Cláudia Nair Oliveira

Cláudia Nair Oliveira tem 38 anos e é uma das quatro mentoras do projeto Marias Paperdolls.

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omo é viver num mundo de bonecas, muito para lá da infância?
É viver num mundo doce, especial e único. Não me lembro em criança de brincar com bonecas. Ao entrar neste mundo de fantasia sinto-me feliz, entre outras coisas, por saber que consigo desenhar sorrisos em cada uma das pessoas que tem uma Maria.

A participação em feiras como a Maison & Object tem-vos ajudado a crescer?
A Maison & Objet era um sonho, desde que tirei o curso de Design Têxtil de Estamparia. Durante anos frequentei-a como visitante. Até que um dia acreditei que as minhas Marias tinham tanto valor como os trabalhos que lá via. Assim, decidi investir tudo que tinha no sonho de expôr a minha obra neste grande evento de arte.

Quais são as suas principais fontes de inspiração?
São a paixão das pessoas, as histórias de vida e personagens com história, as tradições… Tudo isto me inspira e tem a vantagem de ter uma tela bastante versátil. Há tantas coisas interessantes neste mundo que, por vezes, é-me difícil conter a inspiração. Tomara eu que o meu tempo se limitasse a criar e a pintar. Basta que alguém fale com paixão de algum tema que eu vou logo tentar perceber o porquê de tanto fascínio e depois da pesquisa também eu fico contagiada e entusiasmada.

A coabitação com os têxteis-lar é assim uma espécie de também somos lá de casa?
Claro que sim. Os têxteis-lar e as Marias coabitam em harmonia perfeita. São como a cereja no topo do bolo.

Qual foi a sua obra mais perfeita? E qual é hoje a sua boneca preferida?
Não tenho uma obra perfeita, pois ainda ando à procura da perfeição. Perguntarem-me qual a minha boneca preferida é a mesma coisa que perguntarem a uma mãe qual é o seu filho preferido… Cada uma tem a sua história, alma, identidade – e tem, sobretudo, um pouco de mim, por isso torna-se impossível escolher.

Para quando uma coleção dedicada aos novos valores da moda portuguesa?
As Marias adoram a moda e vestir-se de novas “roupas”. Já se inspiraram em alguns padrões de estilistas internacionais. Ainda não se inspiraram em designers portugueses, mas com certeza que este será um dos desafios a realizar neste novo ano.

Perfil

Cláudia Nair Oliveira, 38 anos. Uma das quatro mentoras do projeto Marias Paperdolls, que há cinco anos identificaram na reciclagem de bonecas de papel de jornais e de revistas uma forma de extravasarem a sua veia artística, Cláudia é de Valongo e acrescentou ao curso do Citex uma dezena de formações em áreas como a tinturaria natural, vitrinismo, pintura de azulejos, modelagem, marketing de moda, estamparia, etc. Vê-se ao espelho numa frase de Florbela Espanca: “sou uma exaltada, com uma alma intensa e violenta, atormentada”.

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