Texto de Júlio Magalhães
Cláudia Nair Oliveira tem 38 anos e é uma das quatro mentoras do projeto Marias Paperdolls.
omo é viver num mundo de bonecas, muito para lá da infância?
É viver num mundo doce, especial e único. Não me lembro em criança de brincar com bonecas. Ao entrar neste mundo de fantasia sinto-me feliz, entre outras coisas, por saber que consigo desenhar sorrisos em cada uma das pessoas que tem uma Maria.
A participação em feiras como a Maison & Object tem-vos ajudado a crescer?
A Maison & Objet era um sonho, desde que tirei o curso de Design Têxtil de Estamparia. Durante anos frequentei-a como visitante. Até que um dia acreditei que as minhas Marias tinham tanto valor como os trabalhos que lá via. Assim, decidi investir tudo que tinha no sonho de expôr a minha obra neste grande evento de arte.
Quais são as suas principais fontes de inspiração?
São a paixão das pessoas, as histórias de vida e personagens com história, as tradições… Tudo isto me inspira e tem a vantagem de ter uma tela bastante versátil. Há tantas coisas interessantes neste mundo que, por vezes, é-me difícil conter a inspiração. Tomara eu que o meu tempo se limitasse a criar e a pintar. Basta que alguém fale com paixão de algum tema que eu vou logo tentar perceber o porquê de tanto fascínio e depois da pesquisa também eu fico contagiada e entusiasmada.
A coabitação com os têxteis-lar é assim uma espécie de também somos lá de casa?
Claro que sim. Os têxteis-lar e as Marias coabitam em harmonia perfeita. São como a cereja no topo do bolo.
Qual foi a sua obra mais perfeita? E qual é hoje a sua boneca preferida?
Não tenho uma obra perfeita, pois ainda ando à procura da perfeição. Perguntarem-me qual a minha boneca preferida é a mesma coisa que perguntarem a uma mãe qual é o seu filho preferido… Cada uma tem a sua história, alma, identidade – e tem, sobretudo, um pouco de mim, por isso torna-se impossível escolher.
Para quando uma coleção dedicada aos novos valores da moda portuguesa?
As Marias adoram a moda e vestir-se de novas “roupas”. Já se inspiraram em alguns padrões de estilistas internacionais. Ainda não se inspiraram em designers portugueses, mas com certeza que este será um dos desafios a realizar neste novo ano.
Cláudia Nair Oliveira, 38 anos. Uma das quatro mentoras do projeto Marias Paperdolls, que há cinco anos identificaram na reciclagem de bonecas de papel de jornais e de revistas uma forma de extravasarem a sua veia artística, Cláudia é de Valongo e acrescentou ao curso do Citex uma dezena de formações em áreas como a tinturaria natural, vitrinismo, pintura de azulejos, modelagem, marketing de moda, estamparia, etc. Vê-se ao espelho numa frase de Florbela Espanca: “sou uma exaltada, com uma alma intensa e violenta, atormentada”.