Divina esplanada
T32 Maio 2018
Cantinas do Serrão

Manuel Serrão

Maria e Paulo fizeram desta casa à beira rio, um verdadeiro santuário para todos os amantes da boa cozinha portuense.

Todos conhecemos a importância histórica e bíblica de Maria, Mãe de Jesus. Todos conhecemos ainda a importância de Paulo, o convertido da Estrada de Damasco que se transformou no tribuno maior do Novo Testamento. A uma e a outro foram erguidos santuários um pouco por todo o Mundo, em sentida homenagem a tudo o que significam e representam.

Também no Porto, na beira-rio, assim que se passa por baixo da ponte de Arrábida ergue-se um Santuário de bem comer, com uma esplanada divina onde pontificam em curiosa harmonia …, Paulo e Maria. Apesar de Maria estar em festa pegada e Paulo ainda na ressaca da fuga do Penta.

É o Morfeu na Marginal que surgiu da intrépida vontade da empresária Maria Jorge que gere o espaço com mestria e sentido empreendedor, apoiando-se no saber e mão segura de um dos melhores e mais incógnitos chefes de cozinha portugueses – o Chefe Paulo.

Dos pratos mais em conta, destaque para o Bacalhau à Brás, que é feito no momento com os ovos ainda húmidos a adoçar um bacalhau que não leva muito lume e que refoga com rodelas de cebola e alho picado. A salsa e as azeitonas enfeitam este prato simples mas tão entranhado no paladar e no receituário doméstico e restaurativo dos nortenhos.

As Tripas à Moda do Porto justificam igualmente, para quem não o fez, peregrinação urgente a esta casa de bem comer. Feitas pela receita antiga, com o tempo de lume necessário ao esvair do feijão manteiga que se envolve nos sucos da cenoura e do porco fresco e fumado, é a mão mágica do Chefe Paulo que no final, serve de garante a um prato sápido e inesquecível.

No porto à beira-rio
Ergue-se um Santuário de bem comer, com uma esplanada divina

Depois vem o rosbife, na formulação portuguesa, mas imitando a tradição anglo-saxónica, deixando a carne suave e encruada dedicar o molho a tostas finas de pão, enquanto se acolita com batata palha e couve branca.

O cabrito, servido ao domingo (não vá muito tarde porque acaba) é, também ele de ajoelhar. Tal é o cuidado no tamanho menor da matéria-prima e no controle maior do tempo e da intensidade da assadura.

À sexta há sempre casa cheia com um Cozido à Portuguesa que mostra bem a predestinação do Chefe Paulo. Não falo só do domínio dos tempos de cozedura das diferentes carnes, dos variados enchidos ou da couve, falo do arroz – excelso e magnifico arroz que sai das mãos do Chefe como as rosas saíram do regaço da Rainha Santa.

O Polvo à Lagareiro recomenda-se igualmente sem nenhuma hesitação, bem assim como os bacalhau na brasa e no forno, que rescendem à nossa frente nas assadeiras de barro.

Os vinhos, em diversidade suficiente, beneficiam de consultoria especializada e amiga o que garante qualidade e boa harmonização com todas as propostas degustativas.

Maria e Paulo fizeram já desta casa um santuário. E para todos os amantes da boa cozinha portuense, merecem a nossa santificação e romagem permanente.

RESTAURANTE
Morfeu Marginal

Morfeu Marginal
Avenida do Ouro 400
4150-553 Porto

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