o certo e o errado
Não faz sentido que um país com recursos, fértil, maravilhoso, não consiga alimentar o seu povo
Desafio ao bem-vestir das ideologias
T41 Março 19
Acabamentos

Katty Xiomara

Katy não vê brilho algum na extensa gama de cinzentos com que traja o poder político e apela, por isso, ao bem-vestir das ideologias. Um apelo do coração, que sofre e bate forte pela Venezuela natal. Sem cuidar do que está certo ou do que está errado, o que fica bem ou fica mal, o que que quer é um modelo funcione. Que se adapte às necessidades de um país com recursos, fértil e maravilhoso, mas que não consegue alimentar o seu povo.

Era outro projecto de acabamentos para esta edição, mas esse ficará para o próximo número. Isto porque o panorama político atual me toca de uma maneira especial e não queria deixar passar esta oportunidade de apelar ao bem-vestir das ideologias políticas.
Como podemos, assim à distância, distinguir o que está certo do que está errado. Eu própria observo, egoísta do meu ponto de vista confortável, sem espaço a mais na barriga, sem dores que não podem ser consoladas, sem feridas que não podem ser curadas.
E assim é fácil, é muito fácil apontar o dedo a um culpado. A um regime, a uma ideologia… Mas, e depois? Este ato de culpabilizar alguém parece já não surtir efeito em lado algum e tenho medo de admitir que poucas ações possam também servir. A sede de poder e a rede de favores que se pagam para o obter é devastadora.
A gama de cinzentos é extensa, mas insistimos em extremar as opções, limitando-nos a olhar para os polos opostos. As ideologias parecem ter esgotado o seu período de experimentação, nenhuma parece dar certo.
Na praça mediática discutem-se opções políticas, ideologias, escolhas, regimes…, mas o mais importante é perceber que todas elas nos prendem à visão de uma vida inatingível, elas servem para controlar os sonhos de quem acredita.
O povo Venezuelano acreditou numa mudança, deixou-se doutrinar na esperança de assim conquistar algo maior do que eles, a Pátria. Para muitos, a doutrina desvanece-se agora à custa da fome. Já não podemos escudar-nos em comentários classistas, porque não se trata do desespero da classe média e média-alta por achar que perderam algum do seu conforto. Trata-se sim de toda uma classe de seres humanos que não conseguem sobreviver condignamente.
Não serve de muito aliar-se a um regime só porque aparentemente se partilha a mesma ideologia, vamos colocar as coisas de um ponto de vista mais fútil. Por mais que eu goste de camisolas 3 tamanhos acima do meu e com mangas até os joelhos, a verdade é que se as enfiar no meu metro e meio de altura e nos meus 45 kilos de gente, simplesmente desapareço. Passo a ter a minha funcionalidade comprometida e restrita a meia dúzia de movimentos.
Pois muito bem, prefiro ver os camisolões nas publicações do Instagram porque sei que na prática não funcionam para mim.
Então, porque não deixar de lado esta solidariedade ideológica e praticar a solidariedade humana, pensar nas pessoas, nas famílias, nas crianças… Não faz sentido algum que um país com recursos, um país fértil, um país maravilhoso, não consiga alimentar o seu povo.

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