Ainda e sempre um santuário
T50 - Janeiro/Fevereiro
Cantinas do Serrão

Manuel Serrão

Na edição 50 do T, que é também a edição 50 destas Cantinas, voltamos à primeira que tinha como título “Um Santuário em Moreira de Cónegos”. E a melhor homenagem que podemos fazer, quase seis anos depois, é manter tudo quase sem precisar de lhe mexer uma única vírgula.

O restaurante São Gião, em Moreira de Cónegos, é uma espécie de sala de visitas das inúmeras fábricas têxteis da região envolvente. Sempre que tenho de marcar uma reunião numa das empresas têxteis localizadas nesta região a sul de Guimarães, dizem as minhas colaboradoras que fico logo com um brilhozinho nos olhos. Não sendo coisa que eu possa confirmar, porque este é daquele tipo de brilhos que não se vê a olho nu, devo dizer que ele é altamente provável e sei bem as razões que o podem justificar.

Estas razões cabem todas numa casa paredes meias com o Estádio do Moreirense, com a diferença que no São Gião, cada desafio termina com uma vitória de quem vem de fora. Na verdade foi um hábito que criei e contam-se pelos dedos de uma mão, as vezes que fui visitar empresas de Moreira de Cónegos ou de S. Martinho do Campo, sem começar ou acabar a deslocação sentadinho no São Gião.

Se as paredes deste santuário falassem, haveriam de se escutar idiomas sem fim, tantas têm sido as nacionalidades dos seus clientes. Indústria tradicionalmente exportadora, a têxtil, que constitui o principal tecido económico desta zona, há muito elegeu esta casa como uma das suas preferidas e é lá que milhares de estrangeiros se têm deliciado com o melhor da gastronomia portuguesa.

Não é fácil destacar o que de melhor lá se pode provar, mas os fumados, todos fumados dentro de portas, do salmão à panceta, passando pelo peito de pato são uma referência incontornável.

Bem Fumado
Fumados dentro de portas, do salmão à panceta, passando pelo peito de pato são uma referência incontornável
O mesmo se diga do cabrito assado aos domingos e do Capão, para quem sabe e encomenda. Nos dias de Inverno a caça também é um tiro certo, por exemplo na Açorda de Perdiz.

Lembro-me, contudo, que na primeira vez que lá fui, foi logo nas entradas que começou o meu deslumbramento. O queijo fresco grelhado é a melhor mas os ovos escangalhados (há quem lhes chame rotos…) e a alheira de caça pedem meças.

Voltei lá recentemente já com a cabeça no “T” e sem deixar de ser fiel ao queijo levemente grelhado, provei o presunto de pato fumado e agora tenho dois problemas para a próxima deslocação. Como o dia pedia mais calma aceitei a sugestão de uns filetes de bacalhau com acorda do mesmo que também posso recomendar. Se esquecerem aquela coisa da maior contenção …

Também desde o primeiro dia segui o conselho do chefe (e dono) Pedro Nunes e tenho “regado” todas estas iguarias com o verde da casa, embora a lista de vinhos seja imperial!

Depois de tantos anos a alimentar os exportadores da região, chegou a sua vez de “exportar”, porque o dedo do Pedro Nunes continua a fazer milagres no São Gião, mas também já os faz ao domicílio graças à empresa de catering que fundou.

RESTAURANTE
São Gião

Avenida Comendador Joaquim

de Almeida Freitas, 56

4815-270 Moreira de Cónegos

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